Como os mamutes foram extintos?
A mais bem
conhecida extinção da Era Cenozoica é, provavelmente, aquela que ocorreu no
final do Pleistoceno, embora esta não tenha sido, de forma alguma, a maior de
todas as extinções.
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Como os grandes e imponentes mamutes foram extintos? Fonte da imagem: ultimosegundo.ig. |
VAMOS DESCOBRIR...
A
extinção do Pleistoceno parece dramática porque acabou com a megafauna, com a diversidade dos
grandes mamíferos (aqueles com peso corpóreo superior aos 20 quilograma). Isso
inclui diversos mamíferos muito grandes que, atualmente, estão completamente extintos,
tais como os gliptodontes e as preguiças-gigantes, na América do Sul e na
América do Norte, os mamutes (Figura 2) na Holártica e na África e os diprotodontídeos da
Austrália. Ela também inclui muitas formas grandes e exóticas de mamíferos mais
familiares, tais como os tigres dentes-de-sabre da Holártica e da África, alce
irlandês, ursos da caverna e rinocerontes lanosos da Eurásia; os mamutes da
Holártica e África e os grandes cangurus, “wombats” e equidnas da Austrália que
eram muito maiores do que as formas atuais. Grandes aves terrestres também
sofreram com essas extinções – incluindo herbívoros como as moas da Nova
Zelândia e a ave-elefante de Madagascar, bem como carnívoros, tais como os “phorusrachiformes”
do Novo Mundo e os dromornitídeos australianos.
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Figura 2. Fonte da imagem: mundopre-historico. |
A ERA DO GELO
Há muito debate sobre a causa dessas extinções. As principais extinções ocorreram no final do último período glacial (Figura 3), há cerca de 10.000 anos (surpreendentemente, os animais pareceram mais vulneráveis às extinções quando o clima se altera do glacial para o interglacial, ao invés do inverso, provavelmente porque o primeiro evento ocorre com mais rapidez).
Assim, alterações climáticas são a explicação mais óbvia. Entretanto, muitos cientistas notaram que é somente o último período glacial, e não em qualquer um dos anteriores, que trouxe extinções de tais magnitudes. Esta observação sugere que parte, se não toda, a culpa das extinções da megafauna deve ser colocada sobre a dispersão dos humanos modernos e das técnicas modernas de caça, as quais são concomitantes ao período.
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Figura 3. Período glacial. Fonte da imagem: estudopratico. |
Muitos cientistas
atualmente são inflexíveis que as atividades humanas, mais do que mudanças climáticas, sejam a raiz causal das extinções do Pleistoceno. Esta é a hipótese
overkill. Entretanto, Steve Wroe e colaboradores (WROE et al. 2004) dizem que nosso conhecimento
atual sobre os efeitos dos humanos sobre as extinções de mamíferos é retirada
de exemplos históricos de faunas insulares. A caça e/ou perturbações ambiental
podem ser a causa de comparativamente recente (nos últimos poucos milhares de
anos) extinções de lêmures gigantes de Madagascar ou das moas, mas existem
problemas com a extensão dos cenários para grandes massas de terra, tais como
América do Norte e Austrália.
Outra evidência que está em conflito com a hipótese overkill: as extinções na América do Norte não seguem um padrão norte para sul, como seria esperado com a invasão dos humanos provenientes da Beríngea, e os cavalos no Alasca sofreram um rápido decréscimo no tamanho do corpo, pouco antes de se tornarem extintos, o que condiz com a hipótese das mudanças climáticas como sendo o agente de extinção.
Outra evidência que está em conflito com a hipótese overkill: as extinções na América do Norte não seguem um padrão norte para sul, como seria esperado com a invasão dos humanos provenientes da Beríngea, e os cavalos no Alasca sofreram um rápido decréscimo no tamanho do corpo, pouco antes de se tornarem extintos, o que condiz com a hipótese das mudanças climáticas como sendo o agente de extinção.
GRANDES EXTINÇÕES
Cerca de 30
por cento dos gêneros de mamíferos foram extintos no final do Pleistoceno. Esta
é, praticamente, a magnitude das outras duas grandes extinções da Era Cenozoica
(no final do Eoceno e no final do Mioceno). Entretanto, as duas extinções
anteriores diferem em diversas formas críticas da do Pleistoceno. As extinções
do final do Eoceno estavam associadas à dramática queda das temperaturas das
grandes latitudes. Florestas de grandes latitudes se tornaram florestas
temperadas, com o concomitante desaparecimento dos mamíferos adaptados às
florestas “tropicais”. Isso inclui não somente uma grande diversidade de
mamíferos primitivos, mas também alguns dos tipos modernos, tais como primatas
de grandes latitudes e os primeiros cavalos. A diversidade de anfíbios e de
répteis do início da Era Cenozoica, em grande latitudes, também foi muito
reduzida durante o final do Eoceno.
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Figura 4. Tundra. Fonte da imagem: pixabay. |
As extinções
no final do Mioceno estavam associadas, mais uma vez, não somente com a queda
das temperaturas das grandes latitudes, mas com a seca global. As maiores
extinções se deram entre os mamíferos de pastos (incluindo uma grande
diversidade de cavalos), os quais sofreram com a perda dos habitats, conforme
as savanas se tornaram campos e pradarias (Figura 4).
A América do Norte foi especialmente atingida pelos eventos climáticos do final do Mioceno, devido a sua posição latitudinal relativamente alta e o fato de que os animais não podiam migrar para áreas mais tropicais na América do Sul, antes da formação do Istmo do Panamá.
A América do Norte foi especialmente atingida pelos eventos climáticos do final do Mioceno, devido a sua posição latitudinal relativamente alta e o fato de que os animais não podiam migrar para áreas mais tropicais na América do Sul, antes da formação do Istmo do Panamá.
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Figura 5. A caça aos mamutes pelos humanos. Fonte da imagem: sciencemag. |
Mais significativo
para a hipótese da sobre-caça é o fato de que os mamíferos de todos os tamanhos
corpóreos (não apenas os grandes) foram afetados tanto no Eoceno quanto no
Mioceno. Outros organismos, terrestres e marinhos, também vivenciaram extinções
profundas. A extinção do final do Pleistoceno afetou, principalmente, os
grandes mamíferos e os pássaros, que são as espécies mais sujeitas a serem
vista como presas ou competidores por caçadores humanos (Figura 5).
Referências:
ALROY, J. 2001. A multispecies overkill simulation of the end-Pleistocene megafauna mass extinction. Science 292:1893-1896.
POUGH, F. Harvery; JANIS, Christine M; HEISER, John B. A vida dos vertebrados. Atheneu Editora São Paulo, 2006.
WROE, S., et al. 2004. Megafaunal extinction in the Late Quaternary and the global overkill hypothesis. Alcheringa 28:291-332.
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