As plantas podem sentir o polo magnético da Terra?
Sabemos que alguns animais são capazes
de detectar e usar o campo magnético da Terra para se orientar, mas você sabia que as plantas também reagem a ele?
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Imagem de Free-Photos por Pixabay |
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O surgimento das plantas e as alterações do pólo magnético
Cientistas italianos sugeriram em um estudo que os saltos evolucionários das plantas, sobretudo o surgimento e a proliferação das angiospermas, coincidem com períodos em que as alterações dos pólos magnéticos eram semelhantes às de hoje.
“Em comparação com estudos em animais,
sabemos muito pouco sobre a recepção magnética das plantas, embora os primeiros
estudos sejam de 70 anos atrás”, explica Andrea Occhipinti e seus colegas da
Universidade de Turim, em um artigo publicado na revista Trends in PlantScience.
Alguns estudos sugerem que as plantas,
de fato, reagem tanto a campos magnéticos fortes como fracos, mas os
experimentos são difíceis de reproduzir, deixando muitas perguntas sem
resposta, segundo os pesquisadores.
Proteínas receptoras do campo magnético
Os segredo da detecção de campos
magnéticos está em uma proteína receptora da luz azul chamada criptocromo,
presente nos olhos das aves. Acredita-se que essas proteínas sejam ativadas
pela luz, quando se tornam sensíveis a campos magnéticos.
Como as mesmas proteínas foram
encontradas em plantas, elas teoricamente permitiriam que elas reajam a campos
magnéticos. A grande pergunta é: para que serviria essa capacidade? Afinal, as
plantas não migram.
“É provável que as plantas não
percebam o campo magnético da Terra”, afirma o físico Ilia A. Solov’yov, da
Universidade do Sul da Dinamarca. O pesquisador estuda os criptocromos, que são
bastante comuns e existem também nos seres humanos.
“Tanto em plantas como em seres
humanos, as funções dos criptocromos provavelmente são as mesmas, e a
orientação espacial não é uma delas”, explica o pesquisador. A evolução deixa
rastros pelo caminho, como o apêndice, o dedo mínimo e os dentes do siso,
que ganham novos usos ou desaparecem.
Função dos criptocromos em relação ao campo magnético
Uma função possível dessas proteínas
seria ajudar as plantas a reagir a certos elementos afetados por campos
magnéticos, como algumas formas de cálcio, sugere Occhipinti. Por enquanto, há
mais perguntas que respostas.
"Por que as plantas regulariam seus
processos fisiológicos em resposta à variação do campo magnético global? Como
ele afeta o desenvolvimento das plantas? Os mecanismos biofísicos relacionados
aos criptocromos desempenham um papel na recepção magnética?”, indaga o
pesquisador.
E quanto às alterações no campo
magnético da Terra? Elas teriam alguma coisa a ver com a evolução das
plantas? ”Alguns autores sugerem que, durante as inversões geomagnéticas,
os seres vivos são mais expostos a radiações cósmicas intensas e à luz UV”,
responde Occhipinti. Teoricamente, isso causaria mais danos ao material
genético, ocasionando mais mutações que, por sua vez, poderiam acelerar a
evolução de novas espécies.
Angiospermas e a história magnética da Terra
A equipe de Occhipinti analisou a
história magnética da Terra e observou um padrão nas plantas com flores
(angiospermas), que surgiram há cerca de 136 milhões de anos.
Os pesquisadores descobriram que,
durante os períodos em que o campo magnético da Terra era como o atual (com a
bússola apontando para o norte), surgiram mais famílias de angiospermas que nos
períodos de reversão dos polos magnéticos.
“Em comparação com outras plantas, essa
correlação parece ser particularmente relevante nas angiospermas”, destaca
Occhipinti. É claro que outros fatores poderiam explicar esse fato, como as
mudanças climáticas globais ou o surgimento de gramíneas como plantas
dominantes, ambos associados ao resfriamento global e às secas.
Segundo Occhipinti, a questão é que o
campo magnético da Terra e a recepção magnética podem ser fatores relevantes
para a evolução das plantas. Portanto, valem a pena ser investigados.
Referências
Métodos de Estudos em Biologia da Conservação & Manejo da Vida Silvestre. Laury Cullen Jr.; Rudy Rudran; Cláudio Valladares-Padua. Editora UFPR.
Sites: Discovery Brasil.
Para finalizar veja um vídeo do nosso canal BioOrbis, sobre O olfato das plantas o mundo sensorial oculto dos vegetais:
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