A planta pensante: o desafio das trepadeiras até a copa das árvores
No meio da selva amazônica, uma criatura serpenteia rumo
à luz. Enquanto sobe cuidadosamente pelos galhos, percebe um local mais claro
em uma árvore...
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Plantas Lianas indo rumo a luz em meio a densa floresta de Borneo. Fonte da imagem: nationalgeographic. |
VAMOS DESCOBRIR...
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De galho em galho, até a luz na copa das árvores
A noção de que uma planta possa agir de um modo que parece ser inteligente é estranha; não tão estranha quanto antes de o movimento retorcido dos brotos e a abertura das flores terem sido acelerados em filmes time lapse, mas no mínimo inesperada. Poderá um ser tão simples de fato planejar o futuro?
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Nós vivemos num
universo dos sentidos – visão, audição, olfato, paladar, tato e, um sentido esquecido, posição. As plantas não possuem narizes, línguas, dedos ou ouvidos, mas também
percebem o mundo exterior.
O mundo dos sentidos das plantas
Os animais usam a eletricidade e substâncias químicas para transmitir mensagens pelo corpo, e as plantas também. Elas não têm músculos, mas crescem na direção na qual precisam estar ou se movem com a ajuda de um mecanismo molecular bastante semelhante àquele que governa nossos próprios membros.
Conforme observou Charles Darwin, o grande naturalista, “é impossível não ficar impressionado com a semelhança entre os movimentos das plantas e muitas das ações realizadas inconscientemente pelos animais primitivos, a semelhança mais impressionante é a localização de sua sensibilidade, e a transmissão de um estímulo da parte excitada a outra parte que consequentemente se movimenta”. Sem olhos, ouvidos ou nervos, como uma planta pode saber que caminho a leva para cima, o que a tocou ou se o céu está azul ou cinza? Hoje começamos a descobrir...
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A vida de uma planta é governada pelo sol, pela água, por alimento e por
predadores. Para sobreviver, deve
evitar inimigos e encontrar amigos e, assim como um animal, sair em busca de
comida, água, abrigo e, principalmente, luz solar.
As trepadeiras em busca da luz solar
Darwin e
seu filho descobriram que brotos (Figura 2) novos crescem até mesmo em direção a luz
opaca. Essa simples observação os levou a um resultado mais importante: a
descoberta de uma mensagem química
interna (um hormônio), que alterava
o crescimento. Foi a primeira das milhares de tais substâncias químicas hoje
conhecidas.
Figura 2. Um broto de uma planta rumo a luz do sol. Fonte da imagem: LeladoDedoVerde. |
Anos mais tarde, em
1913, surgiram evidências diretas de um mensageiro
químico. A extremidade amputada de um caule foi colocada sob a luz do dia
em um pedaço de esponja macia.
A esponja absorvia a substância essencial conforme o pedaço de tecido o bombeava e, quando foi colocada em um caule cortado cuja extremidade havia sido removida, o broto imediatamente alterou seu padrão de crescimento (Figura 3). O mensageiro botânico foi nomeado “auxina” (do grego auxien, “crescer”). Era o primeiro hormônio.
A esponja absorvia a substância essencial conforme o pedaço de tecido o bombeava e, quando foi colocada em um caule cortado cuja extremidade havia sido removida, o broto imediatamente alterou seu padrão de crescimento (Figura 3). O mensageiro botânico foi nomeado “auxina” (do grego auxien, “crescer”). Era o primeiro hormônio.
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Figura 3. A atuação dos hormônios nas plantas. Fonte
da imagem: KatyaBotanica.
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As plantas não
possuem nervos, mas também transmitem instruções entre as células por meio de canais especiais que atravessam suas
paredes espessas e permitem que as partes ativas sejam alcançadas. Elas também
têm vias abertas, mas, diferentemente de nossa corrente sanguínea, o líquido
não circula, mas se move a partir das raízes em direção aos brotos ou folhas,
de onde é eliminado pela evaporação.
Outros sinais avisam
o mundo escuro abaixo do solo sobre
a chegada da primavera, e outros
ainda ficam de olho no equilíbrio entre comida e crescimento ou enviam alertas
sobre a presença de um inimigo.
Inúmeros hormônios de plantas são conhecidos. As
substâncias químicas ressoam por seus tecidos em resposta a luz, calor, deterioração,
passagem do tempo e outros. Algumas
surgem em lugares inesperados. A urina humana aplicada a um broto decapitado
altera seu crescimento porque a auxina
de uma planta passa inalterada pelo corpo daqueles que a comem (e, de fato, a
auxina foi isolada pela primeira vez a partir daquele "líquido precioso").
A auxina se espalha de cima a baixo e
evita o crescimento de botões de flor
que podem competir com a própria extremidade do broto em busca de luz. Corte a
extremidade, e esses segmentos ganham vida, motivo pelo qual os jardineiros
podam suas árvores frutíferas para
obter um arbusto denso.
As auxinas fazem com que o broto cresça, a
raiz se aprofunde no solo e a flor se abra; os frutos ganham volume sob a
influência da auxina de suas sementes.
Então não podemos
superestimar as plantas só porque elas não possuem nervos ou outros órgãos de sentido.
Elas tem sua maneira e jeito de sentir o meio externo, no qual são essenciais
para sua sobrevivência. Se elas realmente não pensassem, acho que não estariam
ai até os dias de hoje.
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Referência
JONES, Steve.
A ilha de Darwin, 2009.
Ou seja, não se trata de "pensamento", mas de fototropismo: positivo para o caule, que cresce na direção da fonte luminosa; e negativo para as raízes, que crescem na direção contrária.
ResponderExcluirOlá mrk357,
ExcluirDisse tudo, o Fototropismo ou fototaxia é a proposito da designação dada ao movimento de certos dos seres vivos em reação a estímulos luminosos.
Ótima observação. Um grande abraço.
Equipe BioOrbis.