Qual a diferença entre as serpentes não peçonhentas e peçonhentas?
As serpentes temidas por seus venenos mortais, mas aqui
vamos apresentar as não peçonhentas, parecem inofensivas mas são bastante
perigosas.
VAMOS DESCOBRIR...

O que é uma cobra peçonhenta e uma não peçonhenta?
As serpentes não
peçonhentas representam cerca de 80% da fauna ofídica brasileira, e estão
distribuídas por sete famílias: Anomalepididae (Figura 2), Leptotyphlopidae (Figura 1), Aniliidae,
Boidae, Tropidophiidae e Colubridae, distribuídas por todo o território
brasileiro, com mais de duas centenas de espécies.
![]() |
Figura 1. Leptotyphlopidae.
Fonte da imagem: Astronomy.
|
A função venosa dos
ofídicos resulta da associação direta entre as glândulas secretoras de veneno e
os dentes inoculadores. Quanto à posição e às estruturas dos dentes
inoculadores, as serpentes podem ser divididas em quatro grupos: áglifas e opistóglifas (não peçonhentas), e proteróglifas e solenóglifas
(peçonhentas).
Figura 2. Anomalepididae.
Fonte da imagem: Ecoregistros.
|
- Áglifas: os
dentes do maxilar são, aproximadamente, do mesmo tamanho, sólidos e não
apresentam sulcos.
- Opistóglifas: os
dentes do maxilar são, aproximadamente, do mesmo tamanho e apresentam,
posteriormente, um ou mais pares de dentes maiores e sulcados
longitudinalmente.
Leia também:
Leia também:
FAMÍLIAS E AS ESPÉCIES DAS SERPENTES NÃO PEÇONHENTAS
Famílias Anomalepididae, Leptotyphlopidae e Typhlopidae (agrupamento didático)
![]() |
Figura 3. Typhlopidae.
Fonte da imagem: Picssr.
|
Essas famílias são
formadas por serpentes de constituição muito rudimentar; olhos inapetentes ou
vestigiais; hábitos fossóriais, vêm
à superfície quando o solo está muito encharcado ou quando se revolve a terra;
aspecto do corpo vermiforme, liso e brilhante (alguns são confundidos com minhocas); porte pequeno, alcançam
pouco mais de 30cm de comprimento; são encontrados por todo o Brasil, inclusive
em áreas urbanas; têm a boca muito pequena, o que praticamente os impede de
morder; são totalmente inofensivos. Nome
popular (Figuras 1, 2 e 3): cobra-cega; fura-terra.
Família Aniliidae
![]() |
Figura 4. Anilius. Fonte da imagem: SnakeSarelong.
|
No Brasil, só ocorre
o gênero Anilius (Figura 4); são serpentes de
constituição primitiva; apresenta olho muito pequeno sobe uma placa pentagonal
irregular; tem hábitos fossoriais,
também vêm à superfície somente quando o solo está muito encharcado ou quando
se resolve a terra; podem alcançar pouco mais de 1m de comprimento, são
encontrados na Amazônia e em matas-galerias do centro de Goiás. Por
apresentarem anéis vermelhos no corpo, são temidos e confundidos com as corais
peçonhentas; são totalmente inofensivos. Nome
popular: cobra coral (falsa).
Leia mais também:
Leia mais também:
Família Boidae
Nessa família se
encontram as maiores serpentes atuais: são as jiboias (Figuras 5 e 6) e anacondas (sucuris),
típicas do Novo Mundo. Possuem dentição áglifa, com dentes maxilares e
mandibulares anteriores maiores que os posteriores; cabeça com forma
triangular, coberta por numerosas escamas pequenas e irregulares. O corpo é
forte e robusto; com musculatura bem desenvolvida, matam suas presas por
constrição.
![]() |
Figura 5. Boa constrictor. Fonte da imagem: BeardsleyZoo.
|
A Boa constrictor (jiboia; Figura 5) é encontrada em todo o Brasil, exceto no extremo sul. É
muito utilizada por camelôs e artistas como animal de estimação. Alguns
exemplares são dóceis, outros extremamente ariscos, e chegam a morder, grandes
exemplares podem ultrapassar 4m de comprimento.
A Epicrates sp (salamanta; Figura 6) também é encontrada por todo o Brasil, com exceção da
Região Sul. É bem menor que a anterior e muito agressiva.
![]() |
Figura 6. Epicrates. Fonte da imagem: YouTube.
|
As serpentes do
gênero Eunectes (sucuri) podem atingir 10m de comprimento. De hábito semiaquático,
geralmente se enrolam na presa para matá-la, levando-a para dentro d’água.
Embora relatos populares afirmem que a sucuri é capaz de engolir um boi, não se
tem registro deste fato, porém em relação a um bezerro isto é bastante
possível.
Pelo tamanho e pela força que detêm, tornam-se muito perigosas ao homem. São encontradas por todo o Brasil, acompanhando as grandes bacias hidrográficas.
Pelo tamanho e pela força que detêm, tornam-se muito perigosas ao homem. São encontradas por todo o Brasil, acompanhando as grandes bacias hidrográficas.
![]() |
Figura 7. Corallus caninus. Fonte da imagem: Aspundir.
|
A Corallus caninus (periquitambóia; Figura 7) é arborícola, possui cabeça em forma triangular,
bem distinta do pescoço, e olho com pupila vertical. O corpo é verde com manchas
brancas e amarelas. É encontrada somente na região amazônica. Pode morder, mas
é inofensiva, apesar de ser muito temida, provavelmente, por ser confundida com
a outra serpente também verde, a Bothriopsis
bilineata (jararaca-verde), que
é peçonhenta.
Todos os
representantes dessa família são de porte avantajado e dotados de muita força
muscular. Com isso, os acidentes podem ser importantes pelo aspecto traumático
e não por envenenamento.
Leia também:
Leia também:
Família Colubridae
A grande maioria das
serpentes não peçonhentas pertence a essa família que apresenta uma
multiplicidade de gêneros e espécies com características próprias e distintas.
Cosmopolita, é a maior e mais diversificada das famílias, o que faz que
apresente uma série de problemas sistemáticos.
![]() |
Figura 8. Atractus. Fonte da imagem: CalPhotos.
|
São encontradas nos
ambientes aquáticos ou terrestres, podendo ser fossoriais, arborícolas e
semi-arborícolas. Quanto ao tamanho, podem variar de pequenas, 30 a 40cm, a
grandes, que podem ultrapassar 2m de comprimento. A coloração também é
extremamente variada, de monocromáticas e lisas a coloridas estriadas,
manchadas ou com anéis. Quanto à agressividade, existem de todos os tipos;
quanto à periculosidade, temos animais totalmente inofensivos até aqueles que
podem causar acidentes sérios.
![]() |
Figura 9. Helicops. Fonte da imagem: SmugMug.
|
A grande divisão
práticas que a família permite é quanto à dentição: áglifas e opistóglifas.
As da série áglifa podem ser de porte pequeno, médio e grande, mas por
apresentarem esse tipo de dentição, os acidentes podem ser importantes pelo
aspecto traumático, principalmente nas espécies que apresentam exemplares
agressivos e / ou grande, ou eventualmente ocorrem infecções secundárias.
Exemplos: Atractus sp (cobra-da-terra; Figura 8), Chironinus sp (cobra-cipó; Figura 10),
Helicops sp (cobra-d’água; Figura 9), Spilotes
sp (caninana; Figura 14), Hydrodynastes sp (surucucu-do-pantanal; Figura 11),
Drymarchon sp (papa-ovo; Figura 12).
![]() |
Figura 10. Chironinus. Fonte da imagem: Herpetofauna.
|
![]() |
Figura 11. Hydrodynastes. Fonte da imagem: ICMBio.
|
As da série opistóglifa merecem uma atenção
especial, pois o tipo de dentição permite, em algumas espécies e em
determinadas circunstâncias, que o acidente possa evoluir para um quadro
clínico importante, uma vez que os dentes posteriores, maiores e caniculados,
estão ligados às glândulas produtoras de veneno.
A inoculação se dá quando a serpente morde e se fixa no local atingido, movimentando alternadamente os maxilares direito e esquerdo, ao mesmo tempo em que o veneno é liberado aos poucos pelas glândulas e escorre pelo sulco do dente.
A inoculação se dá quando a serpente morde e se fixa no local atingido, movimentando alternadamente os maxilares direito e esquerdo, ao mesmo tempo em que o veneno é liberado aos poucos pelas glândulas e escorre pelo sulco do dente.
![]() |
Figura 12. Drymarchon. Fonte da imagem: MABA.
|
![]() |
Figura 13. Philodryas olfersii. Fonte da imagem: flickr.
|
Dentre as várias
espécies opistóglifas destaca a Philodryas olfersii (boiubu, boiubi, cobra-verde; Figura 13); o corpo é
verde com uma linha longitudinal médio dorsal marrom, o ventre mais claro,
ligeiramente amarelado, o topo da cabeça castanho metálico e uma faixa mais
escura na altura dos olhos.
É diurna, mais ativa principalmente nas horas quentes da manhã e início da tarde; semi-arborícola, encontrada em ambientes abertos e bordas de mata, se desloca pelo solo ou sobre a vegetação; grandes exemplares medem pouco mais de 1m de comprimento; quando assustadas desloca-se rapidamente e com muita agilidade, procurando abrigar-se em alguma moita. Acuada ou capturada, avança contra o oponente, morde com facilidade e rapidamente inocula veneno podendo evoluir e apresentar manifestações clínicas; tem ampla distribuição pelo Brasil, desde o Sul até o Nordeste.
É diurna, mais ativa principalmente nas horas quentes da manhã e início da tarde; semi-arborícola, encontrada em ambientes abertos e bordas de mata, se desloca pelo solo ou sobre a vegetação; grandes exemplares medem pouco mais de 1m de comprimento; quando assustadas desloca-se rapidamente e com muita agilidade, procurando abrigar-se em alguma moita. Acuada ou capturada, avança contra o oponente, morde com facilidade e rapidamente inocula veneno podendo evoluir e apresentar manifestações clínicas; tem ampla distribuição pelo Brasil, desde o Sul até o Nordeste.
![]() |
Figura 14. Spilotes. Fonte da imagem: CalPhotos.
|
Leia mais:
CONSERVAÇÃO DAS SERPENTES
Como vocês podem ver
mesmo as não peçonhentas pode ser
perigosas, mas algumas são inofensivas e não causam perigo nenhum a saúde
humana. Por isso temos que saber quais para não mata-las só porque temos medo,
lembrem-se que a conservação e preservação desses animais na natureza
é de extrema e fundamental importância e de nossa integra responsabilidade,
pois eles ajudam na manutenção dos
ecossistemas, controle de pragas
(roedores e outros pequenos mamíferos), entre outros.
Referências
CARDOSO, et al. Animais peçonhentos no
Brasil. Biologia, clínica e terapêutica dos acidentes. Editora Sarvier,
2009.
Nenhum comentário: