Qual a diferença entre tartarugas, cágados e jabutis?

Você provavelmente sabe o que é uma tartaruga quando vê uma não é verdade? Mas e diferenciar um cágado, um jabuti e uma tartaruga, você conseguiria?

https://www.bioorbis.org/2018/09/diferenca-tartaruga-cagado-jabuti.html
Qual a diferença entre esses dois répteis? Seria uma tartaruga, um cágado ou um jabuti? Imagem de Ralph por Pixabay

VAMOS DESCOBRIR...


Esses nossos amigos pertencem a ordem Testudinata, as tartarugas, os cágados e os jabutis.

ECOLOGIA E HISTÓRIA EVOLUTIVA DAS TARTARUGAS


Os Testudines descobriram um modo de vida bem-sucedido no Triássico e, desde então, pouco se modificaram. O casco, que é a chave do seu sucesso, também limitou a diversidade do grupo.

Os Testudines atuais são classificados em 13 famílias com aproximadamente 300 espécies. As duas linhagens de Testudines atuais podem ser rastreadas, por meio de fósseis, até a Era Mesozoica.

Por razões óbvias, tartarugas voadoras ou planadores nunca existiram, e mesmo o hábito arborícola pouco se desenvolveu. A morfologia do casco reflete a ecologia da espécie: as formas mais terrestres, os jabutis da família Testudinidae, têm cascos em forma de altas cúpulas e pés semelhantes aos dos elefantes.

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ESPÉCIES E MORFOLOGIA DE TARTARUGAS, JABUTIS E CÁGADOS


As espécies menores de jabutis mostram adaptações à escavação. Os jabutis-toupeira da América do Norte são um exemplo — suas patas dianteiras são achatadas como pás e a cúpula do casco é reduzida. O jabuti-de-bolson, do norte do México, constrói tocas com um metro ou mais de profundidade e vários metros de extensão no duro solo do deserto. Esses jabutis aquecem-se ao sol na entrada de suas tocas; quando aparece um predador, eles se lançam para baixo nas rampas de entrada dos túneis das tocas para escapar, assim como a tartaruga aquática mergulha de um tronco.

O jabuti-panqueca da África representa um desvio radical da morfologia usual dos jabutis. O casco é achatado e flexível, pois sua ossificação é muito reduzida.

Esse jabuti vive em regiões de colinas rochosas e escala as rochas com uma agilidade quase igual à do lagarto. Quando ameaçado por um predador, o jabuti-panqueca rasteja para dentro de uma fenda nas rochas e utiliza as patas para entalar-se no local. O casco flexível se pressiona contra a rocha circundante, criando um atrito tão grande que é quase impossível puxar o animal para fora.

Outros quelônios terrestres têm a carapaça (porção superior do casco) moderadamente convexa, como os jabutis-caixa da família Emydidae. Esse é apenas um dos vários tipos de Testudines que desenvolveram regiões flexíveis no plastrão (porção inferior do casco), o que permite que os lobos cranial e caudal sejam puxados para cima, fechando as aberturas do casco.

Os Testudines aquáticos têm carapaças baixas que oferecem pouca resistência ao deslocamento na água. As famílias Emydidae e Bataguridae contêm um grande número de tartarugas lacustres, incluindo as tartarugas-pintadas e as tartarugas-de-orelha-vermelha, geralmente encontradas nas lojas de animais de estimação e em cursos de laboratório de anatomia e fisiologia.

As tartarugas-mordedoras (família Chelydridae) e as tararugas-do-lodo e tartarugas-almiscaradas (família Kinoster-nidae) vagueiam no fundo de lagoas e rios lentos e não são particularmente hidrodinâmicas. A tartaruga-do-lodo possui um plastrão articulado, mas as outras duas têm plastrões muito reduzidos. Dispõem de maxilas fortes para proteção.

Uma redução no tamanho do plastrão torna essas espécies mais ágeis do que a maioria dos Testudines, sendo que as tartarugas-almiscaradas conseguem subir alguns metros em árvores, provavelmente para se aquecerem ao sol. Se uma tartaruga lhe cair sobre a cabeça quando você estiver passeando de canoa, é provável que seja uma tartaruga-almiscarada.

As tartarugas-de-casco-mole (família Trionychidae) são nadadoras velozes. A ossificação do casco é bastante reduzida, tornando o animal mais leve, e os pés são grandes e dotados de membranas interdigitais bem desenvolvidas. As tartarugas-de-casco-mole ficam de tocaia, parcialmente enterradas sob os detritos do fundo da lagoa. O longo pescoço lhes permite alcançar distâncias consideráveis para capturar os invertebrados e os pequenos peixes de que se alimentam.

DIFERENÇAS ENTRE OS JABUTIS, CÁGADOS E TARTARUGAS


Essas nossas amigas podem pertencer a mesma ordem, e serem muito parecidas, mas elas possuem diferenças entre si:

Jabutis


Os jabutis são os quelônios terrestres, ou seja, que vivem em terra, como é o caso do jabuti vermelho (Geochelone carbonaria) e do jabuti amarelo (Geochelone denticulata).

Cágados


Os cágados são os quelônios considerados semiaquáticos, aqueles realizam parte de suas atividades dentro da água e parte de suas atividades fora da água, a exemplo do cágado-de-barbicha (Phrynops geoffroanus).

Tartarugas


As tartarugas são os quelônios que vivem todo tempo dentro da água saindo apenas para desovar ou tomar sol, aqui incluídas todas as espécies de tartaruga marinha e de água doce, como a tartaruga-da-Amazônia (Podocnemis expansa), o tracajá (Podocnemis unifilis), a iaça (Podocnemis sextuberculata) e a irapuca (Podocnemis erythrocephala).

Caraterísticas morfológicas


Além dos habitats, características morfológicas também distinguem estes animais: em relação aos demais, o casco do jabuti é mais alto e bastante pesado. Em contraste, tartarugas e cágados têm cascos hidrodinâmicos: mais leves e num formato que os ajuda a não afundar na água e nadar com velocidade e agilidade.

As patas traseiras do jabuti tem um formato cilíndrico, que lembram as patas de um elefante. Em razão dos membros curtos e o peso do casco, jabutis são famosos por mover-se lentamente.

Os cágados possuem o casco mais achatado, o pescoço mais longo e suas patas possuem dedos com membranas. Quando precisam esconder a cabeça, ela é dobrada lateralmente para dentro do casco, diferente das tartarugas e jabutis que retraem o pescoço verticalmente. As tartarugas são os quelônios mais numerosos. Apesar de bem semelhantes aos cágados, suas patas em geral tem formato de pá, que usam como remos para nadar.

Referências
POUGH, F. Harvery; JANIS, Christine M; HEISER, John B. A vida dos vertebrados. Atheneu Editora São Paulo, 2006.
Sites: Oeco.

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