QUEM SÃO AS MINHOCAS?

Olhando para uma minhoca você logo pensa em um animal pertencente aos anelídeos.

https://www.bioorbis.org/2018/11/minhocas-padrao-anelideos.html
Imagem de Natfot por Pixabay

VAMOS DESCOBRIR...

Os vermes com anéis


O filo dos anelídeos pertence aos vermes anelados, cujos representantes adaptaram-se bem à vida aquática e ao meio terrestre úmido. As formas marinhas rastejam no fundo do oceano ou vivem em galerias ou tubos por elas construídos.

As formas de água doce nadam livremente ou se deslocam pelo fundo lodoso e algumas vezes vivem misturadas a ele. Pelo menos algumas espécies ensaiaram a invasão do meio terrestre e foram bem sucedidas.

Vivem porém, construindo galerias no solo fofos e úmidos, e só o abandonam em épocas de chuva ou para respirar. Não conseguiram se adaptar ao meio terrestre seco. Sua pele é extremamente fina, no qual é um fator limitante que só favorece sua vida em meio úmido.

As características dos anelídeos


A característica marcante do grupo é o corpo segmentado, visível externamente na forma de anéis, nitidamente separados uns dos outros. As estruturas excretoras, nervosas, digestivas etc. se repetem internamente em cada segmento, também chamado de metâmero. Dizemos, por isso, que o corpo dos anelídeos é metamerizado. Internamente, os metâmeros são separados uns dos outros por paredes divisórias conhecidas como septos.

CONHECENDO OS ANELÍDEOS


Três classes são mais importantes pertencentes ao filo Annelida:

Classe Oligochaeta (do grego, oligos = pouco e chaîte = cerda): possui representantes terrestres (as conhecidas minhocas) e de água doce (os tubifex, dados como alimento a peixes). Apresentam corpo uniformemente segmentado, contendo poucas cerdas na região ventral de cada segmento; possuem uma porção bem-diferenciada na região anterior do corpo, o clitelo, resultado da fusão de alguns segmentos e que desempenha importante papel na reprodução.

Classe Polychaeta (do grego, polys = muitos e chaîte = cerda): com representantes predominantemente marinhos. Possuem expansões laterais em cada segmento do corpo, os parapódios, dotados de muitas cerdas auxiliares da locomoção. Os organismos errantes deslocam-se livremente pelo solo oceânico e saem à procura de alimento. Outros, os sedentários, preferem viver em galerias na areia ou em tubos por eles construídos, onde ficam à espera do alimento.

Classe Achaeta: representada pelas sanguessugas, encontradas principalmente em mio aquático doce ou terrestre úmido. Não possuem cerdas segmentares. Apresentam clitelo. O exemplar mais conhecidos é a sanguessuga medicinal, Hirudo medicinalis, muito utilizada no passado para extrair sangue de pessoas.

As minhocas, o padrão dos anelídeos


Comumente encontrada nos solos brasileiros, a Pheretima hawayana, nota-se, na região dorsal, uma linha mediana escura, que se estende da extremidade anterior à posterior. É o vaso sanguíneo dorsal, revelador da existência de sistema circulatório fechado, característica que surge pela primeira vez nos grupo animais.

Nesse vaso, o sangue flui de trás para frente. Na região ventral, mais clara que a dorsal, pode-se ver outra linha mediana, correspondente ao vaso sanguíneo ventral. Neste, o sangue flui em sentido contrário, da frente para trás. O sangue é vermelho e contém o pigmento hemoglobina dissolvido no plasma. Não há glóbulos vermelhos. O vaso dorsal é contrátil. O sangue é impelido para a frente e atinge o vaso ventral por meio de quatro pares de vasos laterais de ligação, também contráteis e considerados os corações laterais da minhoca.

Vários vasos, em cada segmento, emergem dos vasos principais e são, por sua vez, conectados a capilares sanguíneos que se espalham pelos tecidos. É um sistema circulatório fechado. O sangue nunca abandona os vasos e as trocas entre ele e o tecido ocorrem pelas paredes dos capilares sanguíneos.

A pele da minhoca é constituída de uma epiderme revestida por uma fina cutícula, umedecida pela secreção mucosa de glândulas espalhadas pela parede do corpo. Essa umidade favorece a ocorrência das trocas gasosas respiratórias entre o sangue e o ar. A umidade do solo em que vive a minhoca também contribui para o umedecimento da pele e facilita a troca de gases.

Passando-se suavemente a mão pela região ventral da minhoca, da extremidade posterior à anterior, pode-se sentir certa aspereza da pele, decorrente da existência de finíssimas cerdas. Próxima à extremidade anterior nota-se uma região mais clara, que é mais nítida na época de reprodução, que é chamado de clitelo.

A ADAPTAÇÃO LOCOMOTORA DOS VERMES


Um interessante exemplo da adaptação dos diferentes grupos de vermes aos respectivos ambientes é o que se refere ao deslocamento do corpo. A locomoção dos diversos grupos de vermes envolveu o surgimento de estratégias específicas para cada um deles. Os anelídeos apresentam um mecanismo locomotor que difere daquele verificado em platelmintos e nematelmintos.

Conhecer a disposição da musculatura na parede do corpo, associada à ação de outras estruturas, auxilia a compreensão das estratégias locomotoras dos animais. Como comparação, vamos fazer uma breve descrição de como se deslocam a minhoca, a planária e a lombriga.

As minhocas


Os movimentos da minhoca são resultantes da ação coordenada da musculatura corporal, das cerdas e do líquido celomático, sob o comando do sistema nervoso simples deste animal.

A musculatura encontra-se abaixo da epiderme e consta de duas camadas: uma circular externa e outra interna, longitudinal. Essas duas camadas trabalham de maneira antagônica, gerando ondas peristálticas de contração que resultam no deslocamento da minhoca. Quando uma contrai, a outra relaxa e vice-versa. A contração da musculatura circular diminui o diâmetro do segmento e comprime o líquido celomático. Nesse momento, está relaxada a musculatura longitudinal. Em seguida, o líquido celomático é forçado a se espalhar em direção às extremidades do segmento, provocando o seu alongamento. 

O inverso acontece quando se contrai a musculatura longitudinal e se relaxa a circular. Nesse caso, o líquido celomático exerce pressão na parede e o diâmetro do segmento aumenta. A locomoção é iniciada pela extremidade anterior da minhoca. A musculatura circular dos segmentos dessa região se contrai e as cerdas se retraem, isto é, a extremidade anterior fica livre.

Por outro lado, as cerdas dos demais segmentos estão protraídas e fixadas às partículas do solo. A seguir, contrai-se a musculatura longitudinal dos segmentos anteriores e se relaxa a circular. Essa região se alonga ao máximo. As cerdas protraem e prendem a minhoca ao solo. Em seguida, são as cerdas dos segmentos seguintes que se retraem, sua musculatura circular se contrai e a longitudinal se relaxa, impulsionando o corpo da minhoca para a frente.

A planária


Na planária, a musculatura lisa é disposta em três camadas, abaixo da epiderme: uma circular externa, outra diagonal e, a terceira camada, longitudinalAs fibras dorsoventrais também participam da locomoção, embora não sejam componentes da parede corporal.

O deslocamento resulta da contração peristáltica desses grupos musculares. A ação dos cílios localizados na epiderme ventral complementa o equipalomático, uma vez que os platelmintos são acelomados.

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As lombrigas


Na lombriga, a musculatura corporal apresenta características totalmente diferentes. As fibras dispõem-se em apenas uma camada longitudinal abaixo da epiderme e organizam uma estrutura peculiar. Cada fibra emite um prolongamento em direção ao nervo longitudinal correspondente, de modo que acabam se formando quatro quadrantes de musculatura corporal.

A contração das fibras origina um movimento ondulatório que conduz a dobramentos do corpo no sentido longitudinal. Nesse movimento, o líquido existente no pseudoceloma é comprimido. A rigidez da cutícula garante a manutenção da forma corporal durante o movimento.

Em outros nematelmintos é essencial a existência de pelo menos um pequeno filme de água no qual possa se executar a locomoção, o mesmo ocorrendo nos que vivem no solo. Nestes, os movimentos ondulatórios provocam deslizamentos do animal ao longo do substrato. Retirados do meio em que se encontram, movem-se de modo semelhante a um chicote.


Referências
UZUNIAN, Armênio; BIRNER, Ernesto. Biologia 2. Editora Harbra. Prêmio Jabuti, 2002. The Festivus, 30(4):45-46,1999.

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