Quais são os tipos de barragens de rejeito?

Infelizmente novamente Minas Gerais está sendo levada pela Lama. Mais vítimas a cada dia aparecem em Brumadinho. Mariana pode ter sido a primeira, mas não era a última...


Foto: Cleverson Felix.


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Essas construções pode ser construídas de forma natural ou artificial sobre os córregos, rios ou canais, elas têm a função de reter e controlar o fluxo de água. Independentemente de sua finalidade e do tipo de funcionamento, que pode variar bastante, elas apresentam um elemento em comum: em algum ponto do seu percurso, a água fica retida no em uma espécie de reservatório formado pelos suportes erguidos.

Segundo uma especialista, Fernanda Gouveia, coordenadora do Laboratório de Engenharia Civil (LEC) e professora do mestrado em Engenharia de Barragens da Universidade Federal do Pará (UFPA), descreve as funções dessas estruturas: “As barragens são utilizadas para o abastecimento de água para consumo humano e de animais; para a irrigação, a recreação e o paisagismo; para o controle da qualidade da água e de enchentes; para a garantia mínima de vazão a jusante; navegação; aquicultura; geração de energia elétrica; e contenção de rejeitos”.

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OS TIPOS DE BARRAGENS DE REJEITOS


De acordo com a especialista em barragens Fernanda Gouveia, a tipologia da barragem é definida em função de sua forma construtiva e do material utilizado em seu corpo principal. Conheça cada uma delas:

- Barragem de terra: é a mais comum no Brasil, caracterizada por vales muito largos e ombreiras suaves. Pode ser de terra homogênea, construída com apenas um tipo de material; ou de terra zoneada, aquela que, por falta de área de empréstimo com material argiloso suficiente para a construção de todo o aterro, prioriza o núcleo argiloso, no centro. Por ser uma estrutura menos rígida, permite fundações mais deformáveis, transmitindo esforços baixos para as fundações de qualquer tipo de solo ou rocha.

Barragem de enrocamento com face de concreto: é constituída de enrocamentos e placas de concreto sobre o talude de montante. Deve ser dada atenção especial à ligação entre as placas de concreto, pois se apoiam em meio deformável, constituído pela camada de enrocamento que pode sofrer recalques significativos no primeiro enchimento. Exige atenção também com a ligação entre a face de concreto e a fundação para garantir a estanqueidade dessa região.
Vantagens: construção mais rápida, pois independe do clima; taludes mais íngremes, proporcionando menores volumes de material e maior altura da estrutura.
Desvantagem: a fundação deve ser em rocha sã, pois a estrutura não pode sofrer recalques excessivos.

Barragem de contraforte: é um tipo raramente utilizado no Brasil e em queda no exterior, em favor dos tipos de gravidade aliviados.

Barragem de gravidade aliviada: é alternativa à barragem de gravidade maciça. Nesta última, o concreto está mal aproveitado porque as solicitações são muito menores que a resistência do concreto. Na comparação, constata-se que a barragem de gravidade aliviada traz economia no volume e diminuição das áreas sobre as quais pode agir a subpressão e a pressão intersticial.

Barragem de concreto estrutural com contrafortes: é formada por uma laje impermeável a montante, apoiada em contrafortes verticais, exercendo compressão na fundação, maior do que na barragem de gravidade. A fundação, neste caso, deve ser rocha com elevada rigidez. Se comparada com as barragens de gravidade, as principais vantagens são menor volume e menor subpressão na base. No entanto, as barragens com contrafortes exigem um projeto estrutural mais complexo e o uso de um número maior de fôrmas na execução dos contrafortes.

Barragens em arco: são particularmente apropriadas para vales estreitos e com boas condições de ombreiras. Essas estruturas tiram partido das propriedades de compressão do concreto, transmitindo os empuxos hidráulicos para as ombreiras.
Vantagens: uso de menor quantidade de concreto em comparação com as demais; admitem fundações de pior qualidade em relação às barragens em contrafortes, porque uma menor parte da carga é efetivamente transferida para a fundação.
Desvantagens: exigem boas condições e ombreiras (geralmente em rocha), e a concretagem do arco requer tecnologia mais sofisticada de locação, fôrma, armação e aplicação.

AS ESTRUTURAS DE UMA BARRAGEM DE REJEITOS


As barragens podem ser constituídas de diversas estruturas funcionais necessárias para a sua estabilidade, funcionamento e manutenção:

1 - Barramento;
2 - Crista;
3 - Borda Livre;
4 - Taludes de montante e jusante;
5- Ombreira ou encontros;
6 - Fundação;
7 - Drenagem interna;
8 - Vertedouro ou extravaso;
9 - Compostas;
10 - Canal de descarga;
11 - Dissipador de energia;
12 - Tomada d'água;
13 - Casa de força.

Desafios para se projetar e construir uma barragem de rejeitos


Para se projetar e construir barragens, são necessários profissionais bastante qualificados, com experiência e maturidade. “Esse é o primeiro grande desafio do empreendimento”, segundo a especialista. O ideal é a formação em nível de pós-graduação, cursos ainda raros no país diante do volume de obras. O campus de Tucuruí, da UFPA, por meio do Núcleo de Desenvolvimento Amazônico em Engenharia (NDAE) abriu, no início de 2016, o curso de mestrado profissionalizante de Engenharia de Barragens e Gestão Ambiental.

A segurança e a fiscalização das barragens são o segundo grande desafio enfrentado pelo setor. Basta dizer que o último dado gerado pelo Relatório de Segurança de Barragens (RSB), emitido pela Agência Nacional de Águas (ANA), revela que apenas 3% das barragens cadastradas no sistema foram, de fato, vistoriadas. “Isso demonstra o tamanho do desafio”, ressalta Gouveia, lembrando que, segundo a agência, o Brasil tem 166 empreendimentos na sua área de atuação.

A Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) aponta 642, enquanto o Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) fala em 663 barragens. A fiscalização é extremamente importante para o cumprimento da Lei Nº 12.334/2010, que estabeleceu a Política Nacional de Segurança de Barragens (PNSB).

Porém, o número de técnicos é insuficiente, além da falta de capacitação dos técnicos na execução do serviço. “Ficou perceptível a fragilidade do sistema quando assistimos ao trágico acidente que ocorreu em Mariana (MG), com a barragem de Fundão. Hoje está claro que investir em segurança não é opção e sim prioridade”, conclui a especialista.

E com a tragédia em massa que ocorreu em Brumadinho, a situação piora a cada dia mais. Vidas estão sendo levadas, o meio ambiente está sendo devastado e demorara para se recuperar.

O que nos resta é orar pelas famílias das vítimas, e pressionar as autoridades competentes para que os responsáveis sejam punidos com todo o rigor da lei.

Referência
Site: aecweb.com.br

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