Como os peixes pulmonados sobrevivem a seca em pântanos? E é verdade que eles podem viver fora d’água?

Muitos peixes pulmonados vivem em pântanos que secam anualmente. Como será que eles sobrevivem a essa estiagem de água?

https://www.bioorbis.org/2019/11/como-peixes-pulmonados-sobrevivem-seca.html
Um peixe pulmonado da espécie Lepidosiren paradoxa, conhecido popularmente como piramboia. Fonte da imagem: Wikipedia/This file is licensed under the Creative Commons Attribution-Share Alike 2.5 Generic license.

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QUEM SÃO OS PEIXES PULMONADOS?


Dipnoicos, é a designação dos peixes da classe Dipnoi, no grupo dos sarcopterígios isto é, peixes ósseos que podem ser pulmonados facultativos ou pulmonados obrigatórios. Vivem exclusivamente em água doce, eles têm um tamanho moderado e “forma normal” a alongada.

Em geral, os peixes pulmonados respiram por brânquias durante a fase jovem de seu ciclo de vida (especialmente durante o estágio larval), as quais são perdidas, na maioria das espécies, de acordo com seu desenvolvimento. Desta forma, estes peixes passam a respirar através de seus pulmões primitivos, que no qual podem ser responsáveis por sua respiração total ou parcial (complementam a respiração branquial).

Esses peixes pulmonados surgiram por volta do Período Devoniano, há 400 milhões de anos (espécie fóssil do gênero Dipterus). Estes animais apresentam endoesqueleto ósseo e nadadeiras lobadas. Os peixes pulmonados australianos apresentam fisionomia semelhante às formas fósseis, apresentando corpo compacto com grandes escamas sobrepostas, além de grandes nadadeiras peitorais e pélvicas; por outro lado, os peixes africanos e sul-americanos apresentam dois pulmões, ao passo que nos exemplares australianos, o saco pulmonar esquerdo encontra-se atrofiado.

São conhecidas seis espécies com representantes vivos incluídas em três gêneros: Protopterus (África), Lepidosiren (América do Sul) e Neoceratodus (Austrália).

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Como esses peixes pulmonados sobrevivem a seca?


Á media que o nível de água começa a baixar, o peixe pulmonado se enterra na lama ainda mole, formando um buraco em forma de garrafa dentro do qual ele se enrola. Quando a lama seca, o muco secretado pela pele endurece formando um casulo, um revestimento fino que resiste à perda de água dentro da toca onde está o peixe pulmonado.

Normalmente, a taxa metabólica do peixe também cai, reduzindo essa forma, as suas necessidades calóricas e de oxigênio. Tal estado fisiológico reduzido em resposta ao calor ou estiagem é chamado de estivação.

Peixe pulmonado africano durante a estivação na sua toca. O metabolismo reduzido exige uma respiração menos frequente. O peixe pulmonado inspira ar fresco através do gargalo da toca, que mantém uma ligação com a superfície. Enquanto a água ainda cobre o pântano, o peixe pulmonado se enterra na lama mole, estabelece a toca básica em forma de ‘U’ e chega até a superfície para respirar. Á medida que o nível da água abaixa ainda mais, o peixe pulmonado se posiciona dentro de um casulo revestido de muco e mantém contato com o ar através de orifícios para respiração. Dentro do casulo, o peixe pulmonado enrolado entre em um estágio de estivação durante o qual sua taxa metabólica cai e sua necessidade respiratória diminuí

Enquanto houver água parada em cima da toca, o peixe pulmonado ocasionalmente vem até a superfície para respirar ar através do gargalo da toca. Depois que a superfície tiver secado completamente, o gargalo da toca continua aberto para permitir a respiração direta do ar.

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A história da estivação


A estivação tem uma longa história. Tocas de peixes pulmonados foram descobertas datando do início do Permiano e do Carbonífero. O peixe pulmonado africano normalmente estivava de quatro a seis meses, a duração da estação seca de verão, porém ele consegue manter períodos mais longos de estivação se for forçado a isso.

O peixe pulmonado sul-americano também estiva, mas ele não forma um casulo de muco nem entra em um torpor metabólico tão profundo. Embora o peixe pulmonado australiano não estive, ele pode usar seus pulmões para respirar ar quando caírem os níveis de oxigênio na água onde ele está.

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Referência
POUGH, F. Harvery; JANIS, Christine M; HEISER, John B. A vida dos vertebrados. Atheneu Editora São Paulo, 2006.
KARDONG, Kenneth V. Vertebrados, Anatomia Comparada, Função e Evolução. Editora Roca LTDA, 2011. 10-3668. CDD: 596. CDU: 597/599.

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