O que é sucessão ecológica? Desenvolvimento e evolução no ecossistema

Você provavelmente já ouviu falar em ecologia e talvez em sucessão ecológica. Mas você sabe como ela ocorre e sua importância para o desenvolvimento e evolução no ecossistema?

https://www.bioorbis.org/2020/04/tipos-sucessao-ecologica-evolucao-ecossistemas.html
Foto: Cleverson Felix.

VAMOS DESCOBRIR...



O desenvolvimento do ecossistema ou desenvolvimento a curto prazo, mais frequentemente chamado de sucessão ecológica. A sucessão ecológica pode ser definida como acréscimo ou substituição sequencial de espécies de uma comunidade, acompanhado de alterações na abundância relativa das espécies anteriormente presentes e nas condições físicas e químicas locais, resultando na modificação abrupta ou gradual da comunidade.

Sucessão ecológica podemos definir em três termos:

- é um processo ordenado de desenvolvimento da comunidade que compreende rocas na estrutura da espécie e nos processos daquela com o tempo;

- resulta da modificação do meio físico pela comunidade, isto é: a sucessão está controlada pela comunidade, muito embora o ambiente físico determina o padrão e a velocidade da mudança, muitas vezes limitando também a extensão do desenvolvimento;

- culmina em um ecossistema estabilizado no que se mantém por unidade de energia disponível, um grau máximo de biomassa e de função simbiótica entre os organismos ali viventes.

A sequência inteira de comunidades que se substituem umas às outras numa dada área chama-se sere. As comunidades relativamente transitórias são chamadas estádios serais ou estádios pioneiros. O sistema estabilizado terminal é o clímax, no qual persiste, teoricamente, até ser afetado por grandes perturbações; última comunidade biológica em que termina uma sucessão ecológica.

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TIPOS DE SUCESSÃO ECOLÓGICA


Sucessão autogênica e alogênica


Se as mudanças sucessionais são determinadas, em grande parte, por interações internas, o processo é chamado de sucessão autogênica (autogerada), como por exemplo podem ser citadas as mudanças das propriedades do solo promovidas pelas plantas e animais. Se forças externas no ambiente de entrada (tempestades, incêndios) afetam ou controlam regularmente as mudanças, existe uma sucessão alogênica. Um outro exemplo é: um progressivo abaixamento do lençol freático em uma encosta e que promove sucessão no ecossistema acompanhando a diminuição da água disponível pode estar ocorrendo devido ao aprofundamento da calha do rio, bem abaixo da encosta; o processo de sedimentação que preenche um lago pode estar ocorrendo devido à erosão nas serras à montante do lago.

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Sucessão autotrófica e heterotrófica


Quando um novo território é aberto ou se torna disponível para a colonização (depois de um fluxo de lava vulcânica, ou num campo agrícola abandonado ou numa represa nova), uma sucessão autogênica geralmente instala-se com um metabolismo de comunidade não equilibrado, onde a produção bruta é ou maior, ou menor, do que a respiração da comunidade e prossegue em direção a uma condição mais equilibrada. Quando a produção bruta é maior que a respiração se trata de uma sucessão autotrófica, e quando a produção é menor que a respiração, a sucessão é dita heterotrófica.

Sucessão primária, secundária e cíclica


A sucessão que se inicia num substrato totalmente desocupado, em vegetação, ou melhor, sem contribuição de comunidades anteriormente presentes é chamada de sucessão primária. Exemplos comuns são os processos de sucessão em dunas de areia e praia, em derrames de lava vulcânica, em depósitos glaciais e em lagos e brejos em processo de drenagem ou sedimentação. Quando ocorre reposição da comunidade clímax de certa área após esta mesma sofrer um distúrbio natural ou promovido pelo homem, a sucessão é chamada de secundária. Exemplos comuns são os processos de sucessão em plantações e pastagens abandonadas, em florestas após o corte raso ou incêndio e em clareiras surgidas nas florestas devido à morte e queda de grandes árvores (veja no vídeo no início da postagem). Quando as perturbações que vão dar início a uma sucessão são rítmicas (aparecendo após intervalos mais ou menos regulares), seja por causa de um ambiente cíclico de entrada, seja por causa do próprio desenvolvimento da comunidade, o ecossistema sofre o que logicamente pode-se chamar de sucessão cíclica.

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DESENVOLVIMENTO AUTOGÊNIGO DA SUCESSÃO ECOLÓGICA


As mudanças que podem ser esperadas (tendências) nas principais características estruturais e funcionais do desenvolvimento autogênico veremos agora.

As tendências representam aquelas que foram observadas quando predominam processos internos, de dentro da comunidade. O efeito de perturbações externas (forças geológicas, tempestades, perturbações humanas, etc) pode inverter ou modificar de outra forma estas tendências de desenvolvimento. Por exemplo, eutrofização de um lago, seja natural ou artificial, ocorre quando nutrientes e solo entram no lago desde o exterior, ou seja, a partir da parte terrestre da bacia hidrográfica. Isto equivale ao acréscimo de nutrientes ao microecossistema laboratorial ou a fertilização de um campo; o sistema sofre uma regressão, em termos sucessionais, para estágios anteriores de crescimento rápido. A sucessão alogênica deste tipo é, em muitos aspectos, o inverso da sucessão autogênica. Quando o efeito de processo alogênicos supera consistentemente o de processos autogênicos, como no caso de muitos tanques e pequenos lagos, o ecossistema, além de não conseguir estabilizar-se, também pode extinguir-se, ficando colmatado com matéria orgânica e sedimentos, vindo a ser um brejo ou uma comunidade terrestre. Eis o destino final de lagos artificiais sujeitos á erosão artificial acelerada.

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Substituição de espécies



Uma substituição mais ou menos contínua de espécies ao longo do tempo é característica da maioria das séries sucessionais (seres). As mudanças na composição de espécies da vegetação são chamadas de “florística de revezamento”, havendo, naturalmente, também a “faunística de revezamento”, pois as espécies animais também se substituem no sere. Ao longo da sucessão as espécies estrategistas r (oportunistas) vão sendo substituídas por espécies estrategistas K (de equilíbrio).

Os processos que governam a sucessão decorrem do efeito que uma espécies colonizadora inicial ou anterior tem sobre as colonizadoras seguintes ou invasoras em potencial.

EVOLUÇÃO DO ECOSSISTEMA


Evolução do ecossistema se refere ao desenvolvimento a longo prazo do ecossistema.

Esta evolução do ecossistema é regida por:

- forças alogênicas (externas), tais como mudanças geológicas e climáticas;

- processos autogênicos (internos), que resultam das atividades dos organismos do ecossistema.

Os primeiros ecossistemas, há três bilhões de anos, foram povoados por minúsculos heterótrofos anaeróbios que viviam de matéria orgânica sintetizada por processos abióticos. Depois veio a origem e a explosão populacional de algas autotróficas, que, segundo se acredita, desempenharam um papel dominante na conversão de uma atmosfera reduzida em uma oxigenada. Desde aquela época, os organismos evoluíram durante as longas idades geológicas para produzir sistemas cada vez mais complexos e diversos que conseguiram o controle da atmosfera e são habitados por espécies multicelulares maiores e mais altamente organizadas. Acredita-se que a mudança evolutiva ocorre principalmente através da seleção natural ao nível da espécie ou abaixo dele, porém a seleção natural acima deste nível também é importante.

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Evolução pela seleção natural


Seleção Natural é a força criativa que dirige o curso da evolução preservando as variantes ou estratégias reprodutivas que melhor se adaptam em relação à competição natural.

Espécie é uma unidade biológica natural unida por um “pool” gênico comum. A evolução envolve mudanças nas frequências gênicas que resultam de pressão seletiva do ambiente e de espécies interativas; mutações recorrentes; e deriva gênica (mudanças na estrutura gênica).

A especiação (formação de novas espécies) e o desenvolvimento da diversidade de espécies, ocorre quando o fluxo gênico dentro do “pool” comum é interrompido por um mecanismo isolador.

- Especiação alopátrica: quando ocorre um isolamento através da separação geográfica de populações originadas de um ancestral comum.

- Especiação simpátrica: quando o isolamento ocorre através de meios ecológicos ou genéticos na mesma área.

- Coevolução: é um tipo de evolução a nível de comunidade. Interações evolutivas entre organismos em que a permuta de informações genéticas entre os tipos é mínima ou ausente.
- Seleção de Grupo: é a seleção natural entre grupos ou entre organismos não necessariamente ligados intimamente por associações mutualísticas.

Referências
Landa; Giovanni Guimarães. Ecologia – Uma ciência complexa vista sob uma linguagem simples. Fundação Mariana Resende Costa. Primeira edição – 2008.
Laury Cullen Jr.; Rudy Rudran; Cláudio Valladares-Padua. Métodos de Estudos em Biologia da Conservação & Manejo da Vida Silvestre. Editora UFPR.

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