Como ocorreram as Extinções da Era Mesozóica?
Neste artigo discutiremos algumas hipóteses sobre como os seres vivos da Era Mesozóica foram extintos e os que sobreviveram.
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Imagem: © Stocktrek Images |
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A EXTINÇÃO DO TRIÁSSICO
A primeira das
extinções da Era Mesozóica aconteceu no final do Triássico e teve efeitos
consideráveis nos vertebrados terrestres e nos invertebrados marinhos. A fauna
do Triássico, que era, essencialmente, uma continuação do final da Era
Paleozóica, foi substituída por formas que dominariam a Era Mesozóica, como os
dinossauros; dezoito famílias de tetrápodes tomaram-se extintas nessa época. As
extinções do Triássico coincidiram com a fragmentação inicial da Pangea, embora
também haja certa evidência, nessa época, de um impacto causado por um asteroide
ou meteoro. (O tipo de evidencia para tal evento é discutido adiante).
Extinções menores de tetrápodes aconteceram no Triássico Inferior e no
Jurássico Superior e esses dois eventos de extinção terrestre encontraram
paralelo no ambiente marinho.
Leia também:
AS EXTINÇÕES DO FINAL DO CRETÁCEO
As extinções do final
do Cretáceo tomaram-se conhecidas como as que extinguiram os dinossauros,
embora a magnitude do efeito na fauna global tenha sido muito menor que a que
ocorreu nas extinções do final da Era Paleozóica (final do Permiano). Muitas
hipóteses foram propostas para explicar o motivo pelo qual os dinossauros
tomaram-se extintos, indo desde a extraterrestre (suas gônadas foram esterilizadas
por radiação causada pela explosão de uma supernova) até o ridículo (constipação
causada por angiospermas). Deve
ser lembrado que os dinossauros não foram os únicos animais que enfrentaram
extinções nessa época. Trinta e seis (40 por cento) das famílias de tetrápodes estavam
extintas no final do Cretáceo, incluindo não apenas todos os dinossauros não
aves, mas também todos os répteis voadores (Pterosauria) e répteis marinhos (ictiossauros,
plesiossauros, mosassauros e outros). Aves e mamíferos sofreram extinções
menores e os insetos estavam entre os poucos grupos que sobreviveram
relativamente intactos ao Cretáceo. Houve também grandes extinções entre
plantas e invertebrados marinhos. Qualquer explicação para a morte dos
dinossauros deve também justificar o desaparecimento de grande variedade de outros
organismos, tanto na terra como no mar, assim como a sobrevivência de muitas
outras linhagens.
Há longos debates sobre se o final das extinções do Cretáceo foram rápidas ou graduais na natureza. Isto é difícil de se estimar a partir do registro fóssil, porque os fósseis não são encontrados normalmente em uma sequência sem interrupção que é necessária para esse tipo de resolução. Entre os fósseis que apresentam esse tipo continuo de registro, os diminutos organismos planctônicos, conhecidos como foraminíferos, mostram que a mudança na diversidade e a abundância do limite entre C/T (Cretáceo-Terciário) parece ter sido abrupta. Entretanto, para organismos grandes uma lacuna entre o último fóssil conhecido e o evento limitante registrado nas rochas pode sinalizar a morte dessa linhagem algum tempo depois do evento ou pode apenas representar um tipo normal de lacuna na preservação que é encontrada em todo registro fóssil.
A EXTINÇÃO DOS DINOSSAUROS
O debate sobre extinções
graduais ou abruptas têm sido particularmente virulentas quando aplicadas aos
dinossauros. Alguns paleontólogos defendem um declínio gradual da diversidade
no Cretáceo Superior, enquanto outros apresentam evidências para pequenas
mudanças em milhões de anos ou então precedendo imediatamente o limite C/T.
Muitas questões complicam esse debate. Primeiro, o registro fóssil do final do
Cretáceo é conhecido principalmente da América do Norte; padrões da evolução
dos dinossauros observados nesse continente não devem ser aplicados para o
resto do mundo. Segundo, tem sido observado com o passar do tempo que a
diversidade no final do Cretáceo é um tanto menor do que a do Período imediatamente
precedente, diversidade dos dinossauros aumentou e diminuiu ao longo do final
da Era Mesozóica, e o Período precedente o final do Cretáceo contem realmente a
fauna mais rica de dinossauros conhecida. Deste modo, o declínio na diversidade
uns poucos milhões de anos depois do fim do Cretáceo foi indicativo de um
declínio a longo prazo para extinção, ou simplesmente parte de altos e baixos
da diversidade dos dinossauros ao longo do tempo? É impossível determinar a
resposta.
Leia também:
A QUEDA DO METEORO, FOI O GOLPE FINAL?
Nas duas últimas
décadas têm-se acumulado evidências sobre o impacto de um corpo extraterrestre
com a Terra, um asteroide ou meteoro, no limite C/T. Uma estreita faixa de rochas
contendo um a alta concentração de irídio
(conhecido como anomalia de irídio) ocorre
em muitas partes do mundo em sedimentos que foram depositados nas rochas que demarcam
a camada limite C/T. Normalmente o
irídio é um elemento extremamente
raro nas rochas sedimentares, mas ocorre em altas concentrações no núcleo
da Terra e em alguns corpos celestes extraterrestres. A deposição de irídio em
todo o planeta pode indicar um impacto que ocorreu com tal força que pulverizou
o corpo extraterrestre e dispersou seus fragmentos como poeira na atmosfera,
caindo depois sobre a superfície e cobrindo inteiramente o globo terrestre.
Evidência adicional
para esse impacto foi encontrada na forma de uma cratera com a idade apropriada
(64,4 ± 0,5 milhões de anos), a cratera de Chicxulub no litoral da costa de
Yucatan no México. Essa cratera mostra evidência de um impacto na presença de
cristais de quartzo que mostram o efeito de enorme força (conhecida como
distúrbio de quartzo). Tais cristais de quartzo são encontrados nos locais
conhecidos de impactos de meteoros históricos. Deste modo, temos uma evidência
excelente que um impacto não ocorreu aproximadamente ao mesmo tempo em que as
últimas extinções do Cretáceo, mas ainda há debate de como deve ter sido os
efeitos exatos deste impacto, e se outros fatores anteriores influenciaram
padrões da diversidade dos organismos, então estes impacto foi uma catástrofe
decisiva no lugar de uma catástrofe repentina.
As áreas próximas do
impacto, como a América do Norte, devem ter sofrido com enormes ondas oceânicas
e tempestades incendiárias, mas o resto do mundo deve ter sido afetado de u m
modo diferente. A distribuição do irídio ao redor do mundo sugere que a nuvem
de poeira formada pelo impacto deve ter limitado por muitos anos a quantidade
de luz solar que chega a superfície da Terra. Isso deve ter reduzido a
fotossíntese vegetal e resultou em grandes mudanças nos ecossistemas do planeta.
Evidências das muitas mudanças da flora global, na forma de u m registro fóssil
de uma "samambaia gigante",
onde florestas foram substituídas por poucas espécies de samambaias, foram
registradas tanto na cratera de impacto quanto na Nova Zelândia. Somando-se a
isso, embora nenhuma família de inseto tornou-se extinta, as interações
inseto/planta (evidenciadas pelos danos nas folhas) parece ter sido
interrompida severamente, sugerindo uma perturbação ecológica ampla. Entretanto,
analisando os vertebrados, há problemas em calcular quanto uma catástrofe pode ter
influenciado nos padrões observados daqueles animais que sobreviveram e
daqueles que se tornaram extintos.
TAMANHO NÃO É DOCUMENTO?
Para a maioria, a diferença
na sobrevivência parece ter dependido do tamanho do corpo. Quase todos os
vertebrados que tinham mais de 10 quilos tornaram-se extintos, incluindo todos
os dinossauros não aves desta época. Muitas espécies de vertebrados menores,
incluindo aves e mamíferos, também se tornaram extintas, mas é claro que
algumas sobreviveram para reirradiar na Era Cenozóica. Animais menores tem uma
grande capacidade de se reproduzir rapidamente e de refazer as suas populações.
(Isso porque muitos mamíferos em perigo de extinção atualmente estão entre os maiores,
tais como rinocerontes e os grandes felinos.) Deste modo, a relação entre
tamanho do corpo, taxa de reprodução, e a capacidade de repovoar pode explicar
alguns padrões dos vencedores e perdedores nas extinções do C/T.
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COMO AS TARTARUGAS E CROCODILOS SOBREVIVERAM?
Com tantos eventos de
catástrofes naturais, como alguns tipos de grandes répteis, como as tartarugas
e os crocodilos, não se tomaram extintos neste Período? Uma explicação para esse
padrão é de que esse grandes répteis que sobreviveram estavam associados a
ecossistemas de água doce, e parece que vertebrados de água doce sofreram menos
extinções do que aqueles nos ecossistemas terrestres e marinhos. O fato que
estes ecossistemas possam ter sido baseados em alimentação por detritos (isto
é, alimentando-se de detritos na água, incluindo carcaça em decomposição, as
quais devem ter sido em grande número!) foi desenvolvida como uma explicação
para essa observação. Mas atualmente nós não sabemos exatamente porque
ecossistemas de água doce parecem ser mais imunes a extinção do final do
Cretáceo, e nem porque grandes crocodilos e tartarugas sobreviveram enquanto
outros grandes vertebrados se tornaram extintos neste Período.
E OS ANFÍBIOS, COMO NÃO FORAM EXTINTOS?
Para os anfíbios é outro
problema, com o padrão dos sobreviventes da extinção do Cretáceo encontram-se
na sobrevivência dos grupos modernos de anfíbios. Sapos, salamandras e
cecilias, todos sobreviveram ao limite C/T, todavia anfíbios modernos dos dias
atuais parecem ser extremamente sensíveis a mudanças ambientais, e espécies
estão se tornando extintas numa taxa alarmante. É difícil de acreditar que as
supostas mudanças ambientais seguidas ao impacto, incluindo chuva ácida caindo
sobre toda a superfície da Terra, possa ter poupado os grupos de anfíbios
modernos. Novamente, estudos de registros fósseis mais antigos podem lançar luz
sobre esses problemas, mas a evidência vital nem sempre está presente.
Contudo, as extinções
do Cretáceo afetaram muitos outros organismos junto com os dinossauros, e o
padrão destas extinções faz sentido em alguns casos, mas são problemáticos em
outros. Atualmente estamos absolutamente certos de que um objeto extraterrestre
chocou-se com a Terra no final da Era Mesozóica, mas os debates continuam sobre
como exatamente este evento afetou o padrão das linhagens que se tornaram
extintas versus aquelas que sobreviveram.
Leia também:
Referência
BENTON, M. J.
1990. Scientific methodologies in collision: The history of the study of the
extinction of the dinosaurs. Evo-lutionary Biology 24:371-400.
POUGH, F. Harvery; JANIS, Christine M; HEISER, John B. A vida dos vertebrados. Atheneu Editora São Paulo, 2006.
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