Constelações submarinas

Para o poeta, a estrela-do-mar nasceu do amor que um grão de areia sentiu certo dia por uma estrela do céu. Para o naturalista, ela é um dos mais comuns representantes dos Equinodermos, espécie de habitantes do mar, ao qual pertencem também os ouriços.


Foto de Irina Iriser: https://www.pexels.com/pt-br/foto/tres-medusas-multicoloridas-1086584/

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Equinodermos são metazoários (animais pluricelulares) que têm um esqueleto interno, incrustado de sais calcários. No caso específico dos ouriços e estrelas-do-mar, o esqueleto é formado por placas de carbonato de cálcio e o corpo coberto por uma carapaça. Daí serem chamados "animais encouraçados". A couraça também é composta por inúmeras plaquetas calcárias articuladas, unidas umas às outras como mosaicos. Ainda comum a todos os equinodermos é a disposição radiada ou si-métrica do corpo, que muitas vezes se verifica também nos órgãos in-ternos. E a maioria tem o corpo revestido de espinhos ou aguilhões, o que explica o nome de equinodermos: pele com espinhos.


Internamente, têm uma particularidade que não se repete em nenhum outro animal o sistema aquífero: pelos seus tubos circula água salgada. ada Penetra pela pica madrepárica —porosa placa calcária existente na face superior do disco de uma estrela-do-mar, por exemplo. Tem forma circular, é maior e mais saliente que as demais, e através dela o sistema aquífero ou anibulacrário se comunica com o exterior. Dentro do animal, em contato com essa placa, há o canal pétreo, tubo vertical pelo qual a água escoa, desembocando depois em outro tubo, o andar, que rodeia o esôfago. Desse anel aquífero partem cinco canais radiais, que percorrem, dentro do sulco mediano, toda a longitude dos braços. Ao longo de cada canal radial há uma série de outros, laterais, que terminam em uma expansão cilíndrica contrátil, em cuja extremidade há um pequeno disco adesivo: os pés ambulacrários ou pódios, formação também exclusiva dos equinodermos. O aparelho aquífero, assim constituído, promove a locomoção, fixação do animal e apreensão de alimentos. O movimento dos cílios vibráteis, que forram internamente os canais, determina o fluxo da água: a compressão da água torna os pódios intumescidos, e eles se expandem; o refluxo da água diminui a pressão interna, os pódios se retraem.


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O espeto dos banhistas


Figura 2. Strongylocentrotus. Fonte da imagem: Wikipedia/David MonniauxCC BY-SA 3.0, via Wikimedia Commons


O corpo do ouriço pode assumir as formas de bolota, disco ou coração, mas, dentro dessa variação, é sempre achatado ou oblongo. No primeiro caso, a simetria é bilateral, a conformação da parte direita é igual à da esquerda. Podendo medir desde 1 cm até 20 cm, ou mais, há ouriços negros, róseos, castanhos e esverdeados. Abrigam-se em pequenas locas, que eles mesmos escavam na rocha, pelo continuo atrito dos espinhos (aguilhões). Só isso explica o fato de as locas terem a mesma forma e dimensão do animal. O Strongylocentrotus (Figura 2), de cor purpurina, perfurou chapas de metal de 1 cm de espessura, na Califórnia. Por isso, nos mares temperados onde existem muitas rochas, principalmente as de coral, proliferam os ouriços, para desgraça dos banhistas. Seus aguilhões, em geral terminados em pontas contém urna substância irritante para a pele do homem e às vezes são de difícil extração.


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Estrelas de cinco braços


As estrelas-do-mar pertencem à classe das asteróides (Asteroidea), com mais de 2.000 espécies e variadas dimensões: os diâmetros vão de 10 e 12 mm a 70 cm. São comumente descritas como possuidoras de cinco braços, embora algumas cheguem a ter até cinqüenta. Também quanto à forma variam de urna para outra espécie. Imutável é o feitio estrelado.


Figura 3. Foto de Yulia Ilina: https://www.pexels.com/pt-br/foto/aquario-coral-macro-vida-marinha-10017673/


A face ventral é perfeitamente identificável, por apresentar sulcos ambulacrários em número igual ao de braços. Começam próximo ao orifício bucal e terminam no ápice dos braços. Cada sulco apresenta inúmeros tubos pequenos denominados pés ambulacrários, responsáveis pelo movi-mento do animal, pois podem estender-se e retrair-se. Nos braços estão ainda distribuídos os diversos sistemas, inclusive o nervoso e o aparelho digestivo.


São vorazes devoradoras de moluscos, esponjas, crustáceos e corais. Para comer uma ostra, por exemplo, a estrela expulsa seu estômago pela boca, o introduz na concha e absorve a vítima por inteiro. Terminada a digestão, o estômago volta ao seu lugar, a parte central do corpo.


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Sangue de água


Apesar de organismos bem desenvolvidos, os equinodermos não têm os aparelhos circulatório e respiratório bem diferenciados. As duas funções são asseguradas por um único processo fisiológico, semelhante ao sistema aquífero: depende de um conjunto de paredes mais ou menos distintas que limitam as cavidades ou canais a cavidade geral onde estão todos os órgãos. Por essas cavidades circula a água do mar, obedecendo aos estímulos dos cílios que forram as paredes internas do sistema.


Esse conjunto tem o nome de sistema para-ambulacrário, por relacionar-se com o sistema ambulacrário: a água também se infiltra pela placa madrepórica, passando para o interior da cavidade que rodeia o canal aquífero do sistema ambulacrário. Dai desce para outra cavidade, que contorna a boca, e segue para os braços através de canais subambulacrários. Na água circulante estão contidas substâncias albuminoides, oxigênio e células ameboides. A função desse líquido é similar à que o sangue desempenha em outros animais.


As estrelas se multiplicam


Via de regra, os equinodermos têm sexos separados, embora não seja fácil distinguir o macho da fêmea. Entretanto, raras vezes a fecundação se dá no interior do organismo, já que os indivíduos expulsam seus ovos ao mar. Destes nascerão larvas natantes que — com um pouco de sorte — poderão transformar-se em novas estrelas. Outra forma de reprodução é a regeneração que se dá entre as estrelas-do-mar. Elas não só são capazes de reproduzir um braço fragmentado o que acontece com muita freqüência, à menor pressão ou mesmo espontaneamente (é a autotomia), como desse braço nasce nova estreia, completa.


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De cometas e pepinos


Echinocardium cordatum (Figura 4) é um dos ouriços mais comuns do Mediterrâneo. de formato de coração, cor castanho-escura, simetria bilateral e espinhos delgados. O Echinus esculentus (Figura 5)é o ouriço comum, que vive em toda a costa do oceano Atlântico. Os maiores atingem 17 cm de diâmetro, têm formato de bola e os espinhos totalmente brancos; o Heterocentrotus mamillatus (Figura 6) é muito curioso, tanto pela forma radiada como pelos espinhos achatados, que são brancos e poderiam ser usados à guisa de giz. Encontram-se nos oceanos Pacífico e Indico. O Astropecten aranciacus (Figura 7) é uma estrela-do-mar abundantemente denteada no rebordo dos braços, corno um pente. É do Mediterrâneo, e de cor alaranjada. o diâmetro máximo que atinge é 60 cm.


Figura 4. Echinocardium cordatum. Fonte da imagem: Wikipedia/Hans Hillewaert/Esta imagem provém do Wikimedia Commons, um acervo de conteúdo livre da Wikimedia Foundation que pode ser utilizado por outros projetos.

Figura 5. Echinus esculentus. Fonte da imagem: Wikipedia/Bengt LittorinCC BY 2.0, via Wikimedia Commons


Figura 6. Heterocentrotus mamillatus. Fonte da imagem: Wikipedia/Scott Roy Atwood/Esta imagem provém do Wikimedia Commons, um acervo de conteúdo livre da Wikimedia Foundation que pode ser utilizado por outros projetos.

Figura 7. Astropecten aranciacus. Fonte da imagem: Wikipedia/Rpillon, CC BY-SA 3.0 <https://creativecommons.org/licenses/by-sa/3.0>, via Wikimedia Commons

Asterias rubens (Figura 8) é uma estrela-do-mar dos mares da Europa, extremamente gulosa, em especial por ostras e mexilhões. A Henricia sanguinolenta (Figura 9), assim chamada pela cor vermelho-sangue, é das águas do Atlântico, onde vive a 2 000 metros de profundidade; Pycnopodia helianthoides (Figura 10)é urna das maiores estrelas-do-mar, com um diâmetro em média de 60 cm. Os braços, em número de 19 a 24, são muito frágeis. Essa espécie é das águas do Pacífico, desde o Alasca até a Califórnia. E há também a Martasteria (Figura 11), ou estrela-cometa, assim chama-da em virtude de um dos braços ser muito mais longo que os demais.

Figura 8. Asterias rubens Fonte da imagem: Wikipedia/© Hans Hillewaert


Figura 9. Henricia sanguinolenta Fonte da imagem: Wikipedia/This illustration was made by Matthieu Sontag English: This photo has been taken by Matthieu Sontag (User:Mirgolth) and released under the licenses stated below. You are free to use it for any purpose as long as you credit me as author, Wikimedia Commons as site and follow the terms of the licenses. Could you be kind enough to leave me a message on this page to inform me about your use of this picture. Example: Photo : Matthieu Sontag, Licence CC-BY-SA. Français : Cette photo a été prise par Matthieu Sontag (User:Mirgolth) et placée sous les licences ci-dessous. Vous êtes libre de la réutiliser, pour n'importe quelle utilisation, tant que vous me citez en tant qu'auteur, Wikimedia Commons en tant que site et suivez les instructions des licences. Pourriez-vous avoir l'amabilité de me laisser un message sur cette page pour m'informer de votre utilisation de cette image. Exemple : Photo : Matthieu Sontag, License CC-BY-SA. Vous souhaitez faire apparaitre cette photo sans crédit ? Contactez moi ! If you want to use the photo without credit, please contact me.CC BY 3.0, via Wikimedia Commons

Figura 10. Pycnopodia helianthoides Fonte da imagem: Wikipedia/Jerry Kirkhart from Los Osos, Calif.CC BY 2.0, via Wikimedia Commons

Figura 11. Martasteria Fonte da imagem: Wikipedia/tato grasso, CC BY-SA 3.0 <https://creativecommons.org/licenses/by-sa/3.0>, via Wikimedia Commons


Tem relação de parentesco com as estrelas-do-mar e ouriços, dentro do filo dos Equinodermos, os lírios do mar (da classe Crinoidea), os ofiuros (da classe Ophiuroidea) e os pinos-do-mar (da classe Holothuroidea). Os os-do-mar parecem mais vegetais do que animais, assemelhando-se a uma miniatura de palmeira. Possuem dez braços (subdivisão de cinco), cada um com numerosas pequenas expansões, as pínulas. Os ofiuros são os mais velozes e graciosos do filo, com longos e delicados braços cilíndricos, que se contraem em movimentos ondulatórios. Os pepinos-do-mar são cilíndricos e escuros, e vivem semi-enterrados na areia, próximos das pedras à beira-mar. Quando se sentem perseguidos, ou se encontram em ambiente desfavorável, procuram defender-se expulsando o tubo digestivo.

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