Tartarugas doentes e os riscos da soltura de espécies
Vamos mostrar aqui um caso interessante sobre uma doença
que afetou tartarugas e o que isso tem a ver com a soltura de espécies.
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Um pequeno jabuti. Pixabay/Domínio Público. |
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O caso do jabuti-do-deserto
O jabuti-do-deserto (Gopherus agassizi, Figura 2) é um dos maiores
quelônios terrestres da América d o Norte. Sua distribuição geográfica inclui o
canto sudoeste de Utah, o terço sudoeste do Arizona, partes adjacentes de Nevada
e d a Califórnia e se estende par a o sul até o México.
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Figura 2. O Jabuti-do-deserto (Gopherus agassizii). Fonte da imagem: Sthutterstock. |
As populações de
jabutis-do-deserto declinaram desde a década de 1950, à medida que a atividade
humana invadia o habitat do deserto. Entre 1979 e 1989, a maioria das populações
de jabuti s dos desertos de Mohave e Colorad o diminuiu de 30 a 70 por cento.
A
situação tomou-se ainda mais grave com o aparecimento da doença das vias
respiratórias superiores (DVRS), que ataca os jabutis-do-deserto, muitas vezes
com resultados fatais. De início, os quelônios infectados apresentam corrimento
nasal, que se tom a progressivamente pior até que os animais exsudam espuma
pelas narinas, ofegam ao respirar, param de comer, definham e por fim morrem
(Figura 3).
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Figura 3. Um jabuti-toupeira com corrimento nasal. O defluxo nasal e os olhos inchados são sinais de que este jabuti está infectado com Mycoplasma, que causa doença das vias respiratórias superiores. |
Em 1988, os jabutis da Área Natural dos Jabutis-do-Deserto, no
Condado de Kem, Califórnia, apresentaram pela primeira vez os sintomas da DVRS. Em 1989, foram encontrados 62 7 jabutis mortos e 43 por
cento dos jabutis vivos da Área Natural apresentava m sintomas da DVRS.
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A doença causada por bactérias
Uma grande variedade
de bactérias foi cultivada a partir dos dutos nasais de tartarugas doentes,
incluindo Mycoplasma, que mais tarde
foi identificada como o agente causador da doença. Os
jabutis-do-deserto são animais de estimação populares no sudoeste do deserto
e um grande número de quelônios domésticos está infectado por Mycoplasma.
A infecção talvez tenha sido
introduzida na Área Natural dos Jabutis-do-Deserto quando jabutis de estimação
foram soltos, e sua propagação teria se acelerado devido ao mau estado físico
dos jabutis selvagens, resultante da degradação do habitat e de uma seca
prolongada. As infecções por Mycoplasma
são notoriamente de difícil cura. Os jabutis cativos pode m ser tratados com um
a combinação de antibióticos, mas não há um tratamento prático para os
jabutis selvagens.
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Figura 4. Um jabuti-toupeira. Pixabay/Domínio Público. |
A DVR S foi registrada
atualmente e m um a população de jabutis-toupeira (Gopherus polyphenus) da ilha Sanibel, a o largo da costa d a
Flórida. Mai s um a vez parece que jabutis cativos introduziram a infecção na
população selvagem: até 1978 soltavam-se na ilha Sanibel os jabutis usados em
corridas, os quais, infectados, pode m ter carregado consigo a bactéria Mycoplasma.
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OS RISCOS DE SOLTURA DE ESPÉCIES DE CATIVEIRO
Esses exemplos enfatizam o risco de soltar em populações selvagens
animais que foram mantidos em cativeiro. Os programas de reprodução em
cativeiro devem tomar medidas extraordinárias para garantir que os animais
que serão soltos passem por um período de quarentena, em instalações isoladas
de outros animais.
Uma colônia reprodutiva deveria ser autossuficiente; um a vez estabelecida, nenhum animal externo deveria ser introduzido e nenhum equipamento ou embalagem deveria entrar ou sair. Mesmo as vestimentas dos tratadores dos animais carregam agentes patogênicos, por isso deve ser providenciado um vestiário onde os tratadores possam se lavar e trocar de roupa ao entrar e sair. Essas precauções exigem tempo e dinheiro, mas pode ser desastroso negligenciá-las.
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Referência
POUGH, F. Harvery; JANIS, Christine M; HEISER,
John B. A vida dos vertebrados. Atheneu Editora São Paulo, 2006.
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