Dinossauros: mitos e verdades
Os dinossauros tinham sangue frio como os
lagartos ou sangue quente como os mamíferos? Um pergunta intrigante, então
vamos saber mais um pouco de como era o estilo de vida deles.
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Pixabay/Domínio Público. |
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A temperatura do corpo dos dinossauros
A
alegação é que os dinossauros tinham sangue quente, assim como as aves e os mamíferos, e não
eram frios e lentos como
os lagartos e cobras. Para ser específico, a questão não é realmente se o sangue dos dinossauros era quente ou frio. Afinal, em um dia quente de sol, até mesmo um
assim chamado "lagarto de sangue frio" pode se aquecer, esquentar o seu sangue e, estritamente falando, ter um sangue
quente circulando em suas artérias e veias. A questão não é a temperatura do sangue, quente ou fria, mas se a fonte de
aquecimento é interna ou externa.
Para tomar a questão mais clara, dois termos úteis precisam ser definidos, ectotérmico e endotérmico. Animais
que dependem principalmente da luz do sol ou de radiação do ambiente ao redor
para aquecer seus corpos são animais de sangue frio ou, mais precisamente,
ectotérmicos ("calor de fora"). Tartarugas, lagartos e cobras são
alguns exemplos. Animais de "sangue quente" produzem calor dentro de seus corpos por meio do metabolismo de
proteínas, gorduras e carboidratos.
Para se mais preciso, animais de sangue quente são endotérmicos ("calor de
dentro"). Aves e mamíferos são exemplo óbvios.
Os dinossauros eram ectotérmicos ou
endotérmicos? A fonte que aquecia o seu corpo é que está
sendo debatida, não a temperatura do seu sangue.
Para os ectotérmicos, o calor é facilmente
obtido e "barato". Eles só precisam se aquecer no sol. O problema de tal
estilo de vida é que o sol não está disponível à noite
e também não está sempre disponível nos climas temperados frios. De maneira contrastante, para os endotérmicos, o calor é custoso.
Uma refeição digerida, com frequência apanhada com
grande esforço, produz gorduras, proteínas e carboidratos
necessariamente gastos em parte para gerar calor para manter o
corpo do animal endotérmico quente. Os endotérmicos têm a vantagem de que sua atividade não precisa estar vinculada ao
calor disponível no ambiente.
Essas
fisiologias diferentes são acompanhadas por estilos de vida diferentes.
Os ectotérmicos se aquecem ao sol; nas
noites frias, tornam-se lentos e nos invernos gelados eles hibernam. Os endotérmicos permanecem
metabolicamente ativos durante todo
o dia e em todas as estações, a despeito do clima frio ou rigoroso. Certamente existem exceções — alguns mamíferos pequenos hibernam — mas a endotermia requer uma atividade contínua na maioria dos casos. Portanto, a
questão da endotermia nos dinossauros não é apenas em
relação à fisiologia, mas é sobre que estilo de vida eles tinham.
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Uma réplica de um dinossauro. Pixabay/Domínio Público. |
Como os dinossauros são répteis, eles foram
considerados por muitos anos como sendo
ectotérmicos, tal como seus parentes vivos — lagartos, cobras, tartarugas e
crocodilos. Inicialmente, a ideia de dinossauros endotérmicos foi construída sobre
quatro principais linhas de evidência. Veremos os argumentos a seguir:
Isolamento. Em primeiro
lugar, alguns répteis do meio até o final do
Mesozoico tinham um isolamento superficial ou, pelo
menos, pareciam ter. Para os ectotérmicos, um isolamento superficial
iria apenas bloquear a absorção dos raios solares através da pele e interferir com um aquecimento eficiente. Porém,
para os endotérmicos, uma camada superficial que segurasse seu calor produzido
internamente seria uma adaptação esperada.
Infelizmente, o isolamento feito por materiais moles raramente é preservado, mas em alguns poucos fósseis do Mesozoico, impressões na rocha ao redor do fóssil indicam a presença de uma camada de isolamento que lembra pelos em alguns deles (pterodáctilos, terápsidos) e penas em outros (Archaeopteryx). De fato, as penas provavelmente surgiram inicialmente para o isolamento térmico e apenas depois evoluíram como superfícies aerodinâmicas. Portanto, aparentemente alguns répteis do Mesozoico tinham isolamento assim como os endotérmicos, ao invés de pele nua como a dos ectotérmicos.
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Infelizmente, o isolamento feito por materiais moles raramente é preservado, mas em alguns poucos fósseis do Mesozoico, impressões na rocha ao redor do fóssil indicam a presença de uma camada de isolamento que lembra pelos em alguns deles (pterodáctilos, terápsidos) e penas em outros (Archaeopteryx). De fato, as penas provavelmente surgiram inicialmente para o isolamento térmico e apenas depois evoluíram como superfícies aerodinâmicas. Portanto, aparentemente alguns répteis do Mesozoico tinham isolamento assim como os endotérmicos, ao invés de pele nua como a dos ectotérmicos.
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Tamanho grande e clima temperado
Em segundo lugar, répteis grandes do Mesozoico são encontrados em
regiões temperadas. Hoje, os répteis grandes tais
como as grandes tartarugas terrestres e crocodilos não ocorrem em regiões
temperadas. Eles vivem nos quentes climas tropicais ou subtropicais. Os
únicos reptilianos atuais habitantes das regiões temperadas são lagartos e cobras pequenos e delgados. A razão
é fácil de entender. Quando chega o inverno nas regiões temperadas e o frio glacial se estabelece, esses pequenos répteis
ectotérmicos se espremem dentro de
fendas profundas onde hibernam em segurança até a primavera e escapam
das temperaturas glaciais do inverno.
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Uma pegada de dinossauro. Pixabay/Domínio Público. |
Por
outro lado, para um animal grande e volumoso, não há nenhuma fenda ou
fresta de tamanho apropriado dentro da qual
possam se esconder para evitar o inverno frio. Animais grandes devem ser
endotérmicos para sobreviver em climas
temperados.
Embora o mundo do Mesozoico fosse mais quente do que hoje, sem nenhuma capa de gelo polar, os invernos nas regiões temperadas do norte teriam sido frios e os dias curtos. Portanto, a presença de répteis grandes em climas temperados do Mesozoico sugere que eram de sangue quente. Assim como os lobos, coiotes, alces, bisões e outros mamíferos grandes de regiões temperadas hoje, os répteis grandes do Mesozoico dependiam do calor produzido fisiologicamente para sobreviverem.
Embora o mundo do Mesozoico fosse mais quente do que hoje, sem nenhuma capa de gelo polar, os invernos nas regiões temperadas do norte teriam sido frios e os dias curtos. Portanto, a presença de répteis grandes em climas temperados do Mesozoico sugere que eram de sangue quente. Assim como os lobos, coiotes, alces, bisões e outros mamíferos grandes de regiões temperadas hoje, os répteis grandes do Mesozoico dependiam do calor produzido fisiologicamente para sobreviverem.
Proporção predador-presa
Em terceiro lugar, a proporção de predadores em relação às presas sugere dinossauros
endotérmicos. Animais endotérmicos, de certo
modo, têm os seus fornos metabólicos ligados todo o tempo, de
dia e de noite, para manter uma temperatura corpórea alta.
Um único predador endotérmico, portanto, requer mais
"combustível", na forma de presas, para
manter a fornalha metabólica atiçada do que um predador ectotérmico de tamanho
semelhante.
O biólogo Robert Bakker, então, raciocinou que deveria haver
poucos predadores, mas muitas presas
(muito combustível para alimentar os poucos predadores) nos ecossistemas dominados
pelos répteis endotérmicos. Porém,
se os répteis ectotérmicos dominassem, então proporcionalmente mais predadores
deveriam estar presentes.
Selecionando os estratos que foram passando durante o período de ascenção dos dinossauros, Bakker
compilou as proporções. Se os arcossauros do Mesozoico estivessem se tornando endotérmicos, então a proporção entre
predador e presa deveria cair. Isso,
de fato, aconteceu. Como essa proporção foi acompanhada desde os primeiros répteis, até os pré-dinossauros e
depois, até os dinossauros, verificou-se que ela caiu. Havia
proporcionalmente menos predadores e mais presas.
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Histologia dos ossos dos dinossauros
Em quarto lugar, a microarquitetura do osso dos dinossauros é semelhante àquela dos
mamíferos endotérmicos, não àquela dos répteis
ectotérmicos. Os ossos dos répteis ectotérmicos exibem anéis de
crescimento, tal como aqueles das árvores e, em grande parte
pela mesma razão dá anéis nas árvores, eles crescem em
episódios sazonais. Os mamíferos endotérmicos, com a temperatura corpórea constante durante o ano todo, não têm tais anéis de crescimento nos seus ossos. Quando vários grupos de dinossauros
foram examinados, a microarquitetura dos seus ossos contou uma história
bem clara — sem anéis de crescimento.
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Fóssil de dinossauro. Pixabay/Domínio Público. |
Os dinossauros então se tornaram animais ativos. Saíam correndo e
brincavam, perseguiam presas e corriam para se esconder. Do ponto de vista endotérmico, eram formidáveis. Até fizeram isso no cinema, bufando ar quente dos
seus corpos aquecidos enquanto comiam mamíferos —
pessoas — no filme Jurassic Park. O ponto importante que precisamos lembrar é
que os dinossauros foram, à sua maneira, um grupo extraordinário. Esses animais
ativos ocuparam quase todos os habitats concebíveis — terrestre, aquático,
marinho, aéreo. Seus sistemas sociais eram complexos e os adultos de algumas
espécies eram enormes.
Se os dinossauros eram endotérmicos,
seu completo desaparecimento no final do Mesozoico pode ser apenas mais misterioso
e a perda do esplendor impressionante desse grupo ainda mais intrigante. Embora
os dinossauros tenham se extinguido, o debate sobre que tipo de réptil eles eram
continua a se desenvolver.
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Referência
KARDONG, Kenneth V. Vertebrados, Anatomia
Comparada, Função e Evolução. Editora Roca
LTDA, 2011. 10-3668. CDD: 596. CDU: 597/599.
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