POLVOS, UM DOS ANIMAIS MAIS INTELIGENTES CONHECIDOS DA NATUREZA

Os polvos são moluscos marinhos da classe Cephalopoda, da ordem Octopoda, possuindo oito braços fortes e com ventosas dispostos à volta da boca.

Imagem de edmondlafoto por Pixabay

VAMOS DESCOBRIR...

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Um dia, durante a observação de polvos, dois pesquisadores tiveram a sensação de estar diante de animais com uma inteligência impressionante. Observando um polvo-comum O. vulgaris nas Bermudas, um dos pesquisadores viu o polvo na sua caverna, depois ele saiu para pegar caranguejos, levou-os para a caverna e os comeu. Em seguida, ele foi até uma pequena pedra de uns 2 m dali, pegou-a com seus tentáculos e voltou para a caverna. Saiu mais três vezes em diferentes direções, pegou mais três pedras, construiu uma barreira na entrada de sua caverna e foi dormir.

As ações não pareciam feitas ao acaso, mas planejadas. O outro pesquisador foi ao Aquário verificar um dos polvos gigantes do Pacífico, que tinha ficado muito agitado durante a noite. O cascalho no fundo do tanque tinha sido cavado, o fio de náilon que ligava o filtro abaixo do cascalho ao fundo do tanque tinha sido comido e o filtro estava solto e partido em pedaços, flutuando no tanque. Mais uma vez, estas parecem ações sequenciais e planejadas que foram colocadas em prática, não se sabe por que razão. Fatos como estes sugerem que os polvos podem ser amais inteligentes do que se pensava.

A inteligência dos polvos


Um polvo é bem diferente de um mamífero. Ele só vive dois anos e tem menos oportunidade de adquirir e usar inteligência do que um elefante, por exemplo, que vive cinquenta anos e convive com três gerações da sua família para aprender com eles.

Um polvo aprende sozinho e com mínimo contato com outros de sua espécie, sem influência dos pais e do resto da prole. O cérebro do polvo é grande e com lobos verticais e subfrontais usados somente para armazenar informações.

Mas não é suficiente saber que a anatomia predispõe um animal à inteligência sem saber como ele usa essa habilidade. Pesquisas posteriores mostraram que os polvos podem aprender uma grande variedade de padrões visuais, codificando a informação por meio da comparação de formas, orientações e bordas. Eles também aprendem pelo toque, e essas informações tácteis parecem ser armazenadas em uma área diferente da que guarda as informações visuais.

    Testando a inteligência dos polvos


    Apesar dos esforços para demonstrar o aprendizado dos polvos, os cientistas não continuaram para saber o que os polvos faziam com que lhes era ensinado, quando em habitat natural.

    A ética fez com que as experiências seguissem em ambiente natural, já que não se permite que se submetam animais com alguma forma de inteligência a outros testes. Mas trabalhos mais recentes têm mostrado um outro lado do comportamento dos cefalópodes. Estas informações são conseguidas com observações como a manipulação da presa, personalidade e diversão (os polvos também brincam!).

    Para dar mais uma ideia de seu comportamento inteligente, em uma das experiências foi colocado um marisco, protegido por sua concha dura e poderosos músculos que o ligam à concha, na cabeça do polvo. A proposta era ver como ele se livraria da concha para chegar ao marisco. 

    A surpresa é que o polvo não usou apenas um ou dois mecanismos para char ao marisco, como fazem outros predadores como, por exemplo, os siris. Foram usados vários mecanismos diferentes e criativos para realizar a tarefa. Mais uma prova de que os polvos são realmente animais bastante inteligentes!

    OS POLVOS PODEM MORDER?


    No dia 12 de maio de 1998, um funcionário do Aquário de Seattle estava andando por uma praia em Saltwater State Park, quando alguns mergulhadores que estava por perto trouxeram um polvo vermelho do gênero Octopus rubescens.

    O polvo foi colocado em balde para ser visto. O funcionário do Aquário calçou uma luva em uma das mãos e foi examinar o polvo que, de repente, alcançou a outra mão desprotegida do empregado e a mordeu. A mordida foi no dorso da mão, perto do pulso. Inicialmente, a mordida não foi percebida e não houve dor.

    Depois de minutos, o empregado notou sangue e confirmou a presença de uma pequena ferida no local. A ferida tinha menos de 5 mm e parecia ter sido causada pelo animal. Ao perceber do que se tratava, ele tentou sugar a ferida para extrair o veneno, mas a manobra parece não ter dado resultado, já que os sintomas continuaram. Depois de aproximadamente dez minutos, houve dor localizada. Seguiram-se inchaço e dor latejante que iam da mão até o antebraço.

    Então, ele decidiu ligar para o Aquário, para saber como proceder. Foi sugerido imersão em água quente, tão quente quanto ele pudesse suportar. O tempo transcorrido desde a mordida era já de vinte minutos. Depois de colocar a mão em água quente, a dor e o inchaço desapareceram em minutos. Ao ser levado para o hospital, o único tratamento foi das queimaduras provocadas pela água quente.

    No dia seguinte, quase não se via nem se sentia a ferida, mas as queimaduras continuaram por uma semana. Apesar de não haver mais sinais da mordida, a vítima disse ter sentido dores de cabeça e fraqueza por uma semana. Em um outro caso reportado de mordida pelo O. rubescens vinte anos atrás, foi constada necrose do local e o fenômeno persistiu por quase um mês.

    A potente mordida do polvo vermelho


    O. rubescens é conhecido pela sua potente mordida, produzida por estruturas em forma de pontas na boca, localizada no centro dos braços. Na hora da mordida, os animais injetam uma enzima proteolítica ou veneno via saliva. 

    Embora a mordida de outros cefalópodes, como os polvos do gênero Hapalochlaena (ou polvo-de-anéis-azuis), seja fatal, pouco se pode fazer para tratar essas ocorrências.

    Água quente é sugerida como primeiro passo para estes casos. Ela também pode ser usada para ferimentos de peixe-leão e peixe-pedra. No caso descrito acima, a água quente foi bem efetiva para neutralizar os efeitos locais da mordida do polvo, mas não serve para os efeitos sistêmicos. Não se sabe se esse tipo de tratamento pode funcionar para mordidas de outras espécies de polvos, mas já é um bom começo.

    A DESCOBERTA DO POLVO QUE SENTE A LUZ PELA PELE



    A nova pesquisa, publicada no Journal of Experimental Biology demonstra que a pele do polvo-da-Califórnia (Octopus bimaculoides) possui o mesmo mecanismo celular para detectar a luz como os seus olhos fazem.

    polvo-da-Califórnia faz isso usando a mesma família de proteínas sensíveis à luz chamadas opsinas encontrados em seus olhos, um processo não descrito anteriormente para os cefalópodes.

    "A pele do polvo não sente a luz na mesma quantidade de detalhes que o animal faz quando quando usa seus olhos e cérebro. Mas ele pode sentir um aumento ou mudar na luz. Sua pele não detecta o contraste e a borda, mas sim o brilho ", explicou o autor Desmond Ramirez, um estudante de doutorado na Universidade da Califórnia em Santa Barbara.

    Como parte de seus experimentos, Ramirez e seu colega, o professor Todd Oakley, brilharam uma luz branca sobre o tecido do polvo, o que causou aos cromatóforos se expandirem e mudarem de cor. Quando a luz foi desligada, os cromatóforos relaxaram e voltaram para a sua cor inicial.

    "Esse processo, chamado de processo, em inglês Light-Activated Chromatophore Expansion, em português de luz ativadora de expansão cromatótica (LACE), sugere que os sensores de luz estão ligadas aos cromatóforos e que esta permite uma resposta sem entrada a partir do cérebro ou os olhos", disse Ramirez.

    A fim de registrar a sensibilidade da pele em todo o aspecto, a equipe expôs a pele do polvo em diferentes comprimentos de onda da luz, do violeta ao laranja e descobriram que o tempo de resposta dos cromatóforos foi o mais rápido sob a luz azul.

    "Ao criar um espectro de ação para a latência para LACE, descobrimos que LACE ocorreu mais rapidamente em resposta à luz azul."

    "Nossos dados de espectro de ação para um modelo de curva de opsina padrão e estimou o Àmax de LACE ser 480 nm."

    "Consistente com nossa hipótese, a sensibilidade máxima do LACE sensores de luz subjacente corresponde de perto a sensibilidade espectral conhecida de opsina dos olhos do polvo."

    Proteínas da camuflagem


    Os cientistas também realizaram experimentos moleculares para determinar quais proteínas foram expressas na pele polvo.

    Eles descobriram rodopsina, normalmente produzido no olho, nos neurônios sensoriais na superfície do tecido.

    "Este estudo sugere uma adaptação evolutiva. Nós descobrimos novos componentes deste comportamento realmente complexo de camuflagem do polvo ", disse o Prof Oakley.

    "Parece que o mecanismo celular já existente para a detecção de luz nos olhos de polvo, que tem sido em torno de algum tempo, tem sido captado para a detecção da luz na pele do animal e usado para LACE."

    "Então, em vez de inventar coisas novas completamente, LACE coloca partes juntas em novas formas e combinações."

    Referências
    POUGH, F. Harvery; JANIS, Christine M; HEISER, John B. A vida dos vertebrados. Atheneu Editora São Paulo, 2006.
    KARDONG, Kenneth V. Vertebrados, Anatomia Comparada, Função e Evolução. Editora Roca LTDA, 2011. 10-3668. CDD: 596. CDU: 597/599.
    UZUNIAN, Armênio; BIRNER, Ernesto. Biologia 2. Editora Harbra. Prêmio Jabuti, 2002. The Festivus, 30(4):45-46,1999.
    Sites: Sri-News.com

    2 comentários:

    1. Sim, ficou demonstrado que o Polvo possui certo grau de inteligencia, ou seja, o animal pensa em estrategias, principalmente ao caçar, foi o que ficou demonstrado ao se colocar um peixe num aquário com varias tubos e o Polvo do outro lado - apesar das dificuldades o Polvo venceu todas as barreiras e ao final abocanhou a isca.

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      Respostas
      1. Olá Guilherme Santos,

        Primeiramente agradecemos pelo seu comentário. Realmente como você disse, ficou mesmo provado que o polvo é um animal bastante inteligente e criativo.

        Um grande abraço. Equipe BioOrbis.

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