COMO OS LAGARTOS CONSEGUEM SOLTAR A CAUDA E FUGIR DE PREDADORES?
Muitos animais tem que se virar para sobreviver. Mas
muitos desenvolveram habilidades extremas para deixar seus predadores pra trás.
Este pequeno lagarto conseguiu escapar de um predador. Imagem de Marc Pascual por Pixabay |
VAMOS DESCOBRIR...
AUTOTOMIA CAUDAL, UMA ESTRATÉGIA DE SOBREVIVÊNCIA
Autotomia (auto-amputação)
de apêndices é um mecanismo comum de fuga de predadores entre os invertebrados
e vertebrados. A cauda é o único apêndice conhecido que os vertebrados
autotomizam e a capacidade para autotomia caudal está desenvolvida em algum
grau entre salamandras, tuatara, lagartos e em poucas espécies de Amphisbaenia,
serpentes e roedores (Arnold, 1988). Na maioria dos casos, a autotomia é
seguida pela regeneração de nova cauda.
A autotomia caudal dos
Squamata (ordem que inclui répteis bastante conhecidos, como lagartos, anfisbênias e serpentes) ocorre em planos especiais de fratura, encontrados em todas as
vértebras caudais, exceto da quarta à nona vértebras mais craniais. Os músculos
caudais são segmentares e os processos atilados de segmentos adjacentes
interdigitam-se. As artérias caudais possuem esfíncteres musculares imediatamente
anteriores a cada plano de fratura e as veias possuem válvulas. A autotomia
parece ser um processo ativo que requer a contração dos músculos da cauda,
flexionando-a fortemente para o lado e iniciando separação.
O centro vertebral se rompe e os processos dos músculos caudais se separam. Os esfíncteres musculares arteriais se contraem e as válvulas venosas se fecham, evitando a perda de sangue. Uma cauda autotomizada agita-se rapidamente, por vários minutos, e esse violento estremecimento pode distrair a atenção do predador enquanto o próprio lagarto põe-se em segurança.
O centro vertebral se rompe e os processos dos músculos caudais se separam. Os esfíncteres musculares arteriais se contraem e as válvulas venosas se fecham, evitando a perda de sangue. Uma cauda autotomizada agita-se rapidamente, por vários minutos, e esse violento estremecimento pode distrair a atenção do predador enquanto o próprio lagarto põe-se em segurança.
As caudas de alguns
juvenis da família Scincidae são azuis e brilhantes e, em experimentos, lagartos
com essas caudas coloridas foram mais eficientes no uso da autotomia para escapar
de serpentes predadoras, do que lagartos cujas caudas foram pintadas de preto.
Obviamente, um a cauda autotomizada não recebe fluxo sanguíneo sua atividade
muscular é sustentada por metabolismo anaeróbico. A capacidade metabólica
anaeróbica dos músculos da cauda dos lagartos parece ser substancialmente maior que a dos músculos dos membros.
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O ponto de autotomia
é, normalmente, tão caudal na cauda, quanto possível. Quando a cauda de um
lagarto é segura com um a pinça, a autotomia geralmente ocorre no plano da vértebra
imediatamente anterior ao ponto onde a cauda foi presa, minimizando, assim, a
porção de cauda perdida. Quando a cauda se regenera, as vértebras são
substituídas por um bastão de cartilagem que não contém planos de fratura.
Consequentemente, a
futura autotomia deve ocorrer cranialmente à porção regenerada. Algumas
lagartixas ajustam o ponto de autotomia de acordo com sua temperatura corporal:
a autotomia ocorre mais próxima ao corpo quando o lagarto está frio do que
quando está aquecido.
Quando um lagarto está frio ele não consegue correr tão rápido com o quando está aquecido, e provavelmente, o longo segmento de cauda deixado para trás por um lagarto frio, ocupa a atenção de u m predador por tempo suficiente que permite ao lagarto alcançar segurança.
Quando um lagarto está frio ele não consegue correr tão rápido com o quando está aquecido, e provavelmente, o longo segmento de cauda deixado para trás por um lagarto frio, ocupa a atenção de u m predador por tempo suficiente que permite ao lagarto alcançar segurança.
Sua cauda ou sua vida
Deixar a cauda na
posse de um predado é, certamente, melhor do que ser devorado, mas isto não
está livre de custos. A cauda funciona com o um sinal de "status "
entre algumas espécies de lagartos e um lagarto que autotomiza um a grande
porção de sua cauda, pode cair para um a posição inferior na hierarquia de
dominância.
A perda da cauda
também afeta o balanço energético de um lagarto; a taxa de crescimento de
lagartos juvenis que autotomizaram a cauda permanece reduzida enquanto suas
caudas estão sendo regeneradas. Muitos lagartos armazenam gordura na cauda as
fêmeas mobilizam essa energia quando depositam vitelo nos ovos. Sessenta por
cento do total de gordura armazenada pelas fêmeas da lagartixa Coleonyx brevis estava localizada na
cauda.
A autotomia da cauda por fêmeas grávidas de lagartixas resultou na
produção de posturas menores do que em fêmeas com cauda. Alguns lagartos,
especialmente o pequeno Scincidae norte-americano Scincella lateralis, ingerem suas caudas autotomizadas quando
podem, recuperando, assim, a energia perdida.
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Referências
Arnold, E. N. 1988. Caudal autotomy as a defense. In C.
Gans and R. B. Huey (Eds.), Biology of the Reptilia, vol. 16. New York, NY: Liss, pp. 235-273.
POUGH, F. Harvery; JANIS, Christine M; HEISER, John B. A
vida dos vertebrados. Atheneu Editora São Paulo, 2006.
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