Conheçam o único marsupial adaptado a vida semi-aquática: a Cuíca-d’água

Talvez vocês nunca ouviram falar desse pequeno marsupial semi-aquático não é mesmo? Então vamos apresentar um pouco sobre ele.

Fonte da imagem: Friedrich Specht , Public domain, via Wikimedia Commons


VAMOS DESCOBRIR...

A Cuíca-d’água, morfologia e classificação científica


A cuíca-d’água, conhecida pelo nome científico de Chironectes minimus pode ser considerada, dentro da família Didelphidae, uma espécie de médio a grande porte.

É facilmente reconhecida pelo padrão peculiar de sua pelagem, com listras transversais cinzas, alternadas na pelagem preta de seu dorso. Esse nosso pequeno amigo, é o único dos marsupiais adaptados à uma vida semi-aquática, com patas posteriores dotadas de membranas interdigitais que envolvem toda a extensão dos longos dedos.

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Habitat e estilo de vida


Tem hábitos solitários e noturnos, apresentando atividade de forrageamento na água (Figura 3), onde se alimenta principalmente de peixes, crustáceos (veja no vídeo no final da postagem) e outros invertebrados aquáticos (Eisenberg, 1989).

Os primeiros dados ecológicos consistentes sobre a espécie apontam para um sistema de acasalamento poligínico ou promíscuo, pois há diferenças sexuais marcantes na forma de uso do espaço.

Eles são confinados aos habitats tropicais e subtropicais (Marshall, 1978) e parece ser bastante rara em locais onde ocorre. Os registros desse pequeno marsupial raro no Brasil indicam sua presença na bacia Amazônica e nas regiões Sul e Sudeste do país. As fêmeas aparentam ser territorialistas com áreas de vida pequenas, enquanto machos possuem áreas de vida muito maiores e não exclusivas.

Quanto aos seus padrões de atividade diária, a cuíca-d’água parece concentrar suas atividades no início da noite, sendo que machos estendem suas atividades para a segunda metade da noite enquanto fêmeas restringemse à primeira metade (Leite, 2009).


PRINCIPAIS AMEAÇAS AS CUÍCAS-D’ÁGUA


Pode ser uma espécie associada a coleções de águas límpidas e a corredeiras (Emmons & Ferr, 1990), uma das principais ameaças é a poluição e/ou destruição de seu habitat.

A vulnerabilidade da espécie é agravada pelo fato de suas populações serem naturalmente pequenas, podendo, em função dos distúrbios citados, entrar em declínio. Soma-se a esses fatores a inexistência de mais registros da espécies em unidades de conservação e preservação ambiental.

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Estratégias para sua conservação


A proteção dos ambientes aquáticos em que as pequenas cuícas-d’água vivem é uma das medidas mais importantes para a manutenção de suas populações. Outra estratégia relevante é a realização de pesquisas e estudos sobre a biologia e ecologia desses pequenos marsupiais raros e incríveis.

Seu status de conservação pela IUCN é de pouco preocupante. E pela lista vermelha de animais em risco de extinção pelo ICMBio, nos estados do Rio Grande do Sul e São Paulo é considerado vulnerável, em Minas Gerias em perigo e no Espírito Santo criticamente em perigo.

Referências
Emmons, L.H. & F. Feer. 1990. Neotropical rain forest mammals: a field guide. Chicago, The Chicago University Press. 281 pp.
Eisenberg, J.F. 1989. Mammals of the Neotropics: the northern Neotropics. Vol. 1 Chicago, The Chicago University Press. 4449 pp.
Leite, Melina de Souza. Padrões espaciais e de atividade da cuíca d’água Chironectes minimus em rios de Mata Atlântica no sudeste do Brasil. Dissertação apresentada ao Programa de PósGraduação em Ecologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro como requisito para obtenção do título de Mestre em Ecologia. 2009.
Marshall, L.G. 1978. Chironectes minimus. Mammalian Species 109:1-6.

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