Como é feito o método de amostragem e levantamento de aves pelas Listas de Mackinnon?
Pra você que estuda biologia, pretende estudar ou mesmo
já está trabalhando com algum tipo de levantamento com aves, ou simplesmente é
curioso por essa área, vamos apresentar aqui o método das listas de Mackinnon.
Eu a procura de um pássaro. Foto: Annanda Tonini. |
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Nós aqui do BioOribs,
fazemos levantamento com a avifauna da mata do Museu de História Natural e
Jardim Botânico da UFMG (MHNJB/UFMG), uma pequena área verde urbana localizada
na região de Belo Horizonte. Começamos esse levantamento por lá em meados de
2015, como o método das listas de Mackinnon é mais recomendado para áreas bem
maiores, vamos mostrar aqui como ele funciona, por que depois de um tempo como
já acostumamos com área do MHNJB/UFMG, criamos nosso próprio método a partir
dessas listas de Mackinnon.
Então sem mais
delongas, vamos ao básico das listas de Mackinnon.
A escolha do objetivo do seu estudo para saber o melhor método a utilizar
Escolher um método de
amostragem para você aplicar em um estudo com aves ou para qualquer outro grupo
de organismos depende, claro, do objetivo de sua pesquisa. Em estudos sobre
comunidades e/ou populações, antes de você decidir qual método é o melhor, é
preciso estabelecer de forma clara quais informações serão necessárias. De uma
maneira geral, as informações podem ser divididas em dois grandes grupos:
1) Dados sobre a abundância relativa ou densidade de cada espécie;
2) Dados sobre a composição e riqueza das espécies.
Há casos em que tanto
os dados de composição e riqueza, como de abundância ou densidade são necessários,
como naqueles em que se pretende caracterizar a comunidade de modo mais
detalhado, relacionando-se medidas sobre a proporção de abundância entre as
espécies e riqueza.
Método de amostragem e levantamento pelas Listas de Mackinnon
O método de
amostragem por listas de Mackinnon foi proposto pelo ornitólogo inglês John Mackinnon
nas páginas iniciais do livro Field Guide of the Birds of Java na Bali (Guia de
Campo para Aves de Java e Bali). Muito envolvido em um programa de conservação
do sudeste asiático, Mackinnon propôs o método como uma forma de se realizar o
inventário da avifauna acompanhando a curva de acúmulo de espécies, conhecida
também com curva do coletor. Este método proposto por ele melhora a qualidade
dos dados obtidos de listas simples (Figura 2), pois controla o tamanho das amostras,
permitindo comparações mais confiáveis entre diferentes locais ou de um mesmo
local em diferentes épocas.
Mackinnon propôs fazer
listas de 20 espécies, mas Herzogh (2002) propôs que sejam feitas listas de 10
espécies, o que aumenta o número de unidades amostrais para uma mesma área.
Além disso, fazendo listas de 10 espécies, corre-se menos risco de se marcar a
mesma espécie em uma lista, o que é perfeitamente possível acontecer em situações
nas quais se depara com muitas espécies ao mesmo tempo e o pesquisador tem que
observar, identificar e visualizar muitas espécies em poucos minutos. O cansaço
e a sonolência também podem contribuir para se marcar a mesma espécie, duas
vezes, na mesma lista.
No caso das listas
simples, o pesquisador pode usar abreviações dos nomes científicos para tornar
mais rápida a anotação dos dados. Quando usando essas estratégia, ele deve
estar atento a nomes que dão a mesma abreviação caso se utilizem as três
primeiras letras dos epítetos genético e específico. Por exemplo, tanto Columba picazuro como Columbina picui seriam abreviadas como Col pic e deve-se estar atento para
criar alguma diferenciação para uma delas, tal como Col pic e Col picu, para C. picazuro e C. picui, respectivamente. Tais espécies podem, de fato, ocorrer
nas mesmas regiões do Brasil.
Aplicação do método das listas de Mackinnon
Bom agora vamos a
parte principal da postagem, como aplicar o método das listas de Mackinnon. Com
as dicas mostradas acima, a aplicação desse método é bem simples:
- Inicia-se com o
autor do estudo caminhando por onde for possível, normalmente seguindo trilhas
e caminhos que já conhece, que vai encontrando, das quais e informou antes ou,
ainda, guiado por algum morador local. Ao longo do trajeto, ele vai anotando em
um caderno de campo (que por sinal já temos um vídeo somente sobre ele, clique aqui) cada espécie que vai encontrando, até completar 10 espécies diferentes.
Note que, independentemente de quantos espécimes de cada espécie se veja ou se
ouça, somente a informação sobre se a espécie ocorre ou não em cada lista é que
será usada nas análises seguintes. Sendo assim, marque somente a espécie uma
vez nessa primeira lista;
- Os espécimes vistos
nesta primeira lista não devem ser
marcados na lista seguinte, lembre-se que o foco do método é analisar a riqueza
de espécies, e não abundância de cada espécie na área, embora tal informação
possa ser adquirida dessas listas, ainda que de forma um pouco grosseira;
- Anotadas as primeiras
10 espécies, inicia-se uma nova lista, até se completar mais 10 espécies e, ao
longo do dia, vai-se obtendo quantas listas de 10 espécies forem possíveis na
sua área de estudo;
- Na segunda lita e
nas outras que vierem, novos indivíduos de qualquer das 10 espécies marcadas na
primeira lista podem, então novamente ser registrados.
Veja um exemplo de uma lista de Mackinnon abaixo:
Você também pode
adicionar ao registro das espécies dados que podem ser de ajuda em sua
pesquisa, como exemplo, se espécie estava cantando, comendo, brigando, sendo
predado por predador e entre outros. E se surgir uma espécie não identificada
ou uma voz que você não conheça, você pode interromper a elaboração das listas
e procurar pela espécie. Sendo assim pode somente observar ou gravar, mas
também coletar e processar o espécime, retornando às listas em seguida. Essas
espécies que você não conseguir identificar devem ser sempre marcados nas
listas com um código próprio, como exemplo está sigla: ESP NID1.
Já deparamos várias
vezes com espécies que não conhecíamos, quando era assim, parávamos e íamos atrás,
ou tentar tirar uma foto ou gravar o seu canto. Sempre aconselho a focar nas espécies
novas que você nunca viu, mas as que já está acostumado elas vão aparecer. E
uma espécie nova para região de sua pesquisa, talvez nem se tinha registros
antes dela ali, por isso é muito importante seu registro.
Referências
HERZOG, S.K.,
JESSLER, M & T.M. CAHILL. 2002. Estimating species richness of tropical
communities form rapid assessment data. Auk, 119: 749-768.
MACKINNON, J. 1991. A
field guide to the birds of Java and Bali. Gadjah Mada University Press, Bulaksumur,
390 p.
RIBON, R. 2010.
Amostragem de aves pelo método de listas de Mackinnon. Technical Books Editora,
Rio de Janeiro, 1ª edição, 32-44 p.
BRAVO!!!!!!
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