O cervo-do-pantanal: o maior cervídeo sul-americano

Cervo-do-pantanal, também chamado suaçuetê, suaçupu, suaçuapara, guaçupuçu ou simplesmente cervo, é um mamífero ruminante da família dos cervídeos e único representante do gênero Blastocerus.

https://www.bioorbis.org/2019/07/cervo-do-pantanal-cervideo-blastocerus.html
Um cervo-do-pantanal macho (Blastocerus dichotomus). Fonte da imagem: Mélanie and Kyle Elliott, CC BY-SA 2.0, via Wikimedia Commons

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O CERVO-DO-PANTANAL: O CERVÍDEO DAS PLANÍCIES ALAGADAS


O cervo-do-pantanal é o maior cervídeo sul-americano pesando até cerca de 150 kg. Distingue-se dos demais cervídeos brasileiros, entre outras características pela galhada de quatro pontas voltadas para cima (Figura da entrada do post).

Possui pelagem longa e avermelhada com a parte inferior dos membros negra. O gênero é monoespecífico ocorrendo nos campos inundados ao longo dos rios desde o sul do Rio Amazonas até o norte da Argentina.

Reprodução do cervo-do-pantanal


Apenas um filhote nasce a cada ano após uma gestação de quase oito meses. Diferente dos demais cervídeos brasileiros, os filhotes não possuem pintas. O período reprodutivo não é bem marcado com filhotes recém-nascidos sendo mais frequentemente observados de abril a outubro.

Da mesma forma os machos não possuem uma época definida para a troca de chifres. Indivíduos são mais comumente encontrados solitários, exceto mães e filhotes jovens, porém concentrações de até 15 indivíduos já foram observadas (Shaller & Vasconcelos 1978, Tomas 1986, Pinder 1996).

Alimentação do cervo-do-pantanal


O cervo-do-pantanal é seletivo quanto à sua alimentação, procurando gramíneas tenras e brotos de arbustos, especialmente leguminosas e plantas aquáticas. O cervo-do-pantanal prefere forragear e ruminar dentro dos alagados, mas atravessa áreas de campo aberto durante os deslocamentos entre diferentes manchas de campos inundados.

Habitat, comportamento e distribuição geográfica do cervo-do-pantanal


O cervo-do-pantanal pode também ser encontrado à sombra de capões nas margens dos alagados. Sua área de uso vital anual atinge até sete mil hectares, sendo que machos possuem em média áreas maiores que as fêmeas. Devido à subida das águas nos campos alagados adjacentes aos grandes rios durante a época das cheias, os cervos-do-pantanal podem se deslocar para áreas menos inundadas ou até para áreas de terra firme em períodos de extrema cheia.

Seu comportamento é desconhecido nas áreas alagadas ao longo das matas de galeria no Cerrado. São capazes de atravessar grandes cursos d’água como o rio Paraná. Seus predadores naturais são a onça-pintada e a sucuri, que perda sobre os filhotes. Apesar da legislação, o cervo-do-pantanal continua a ser abatido esportivamente e para o comércio da carne em algumas cidades do interior.

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PRINCIPAIS AMEAÇAS AO CERVO-DO-PANTANAL


A construção de usinas hidrelétricas ao longo dos grandes rios brasileiros está destruindo para sempre o habitat do cervo-do-pantanal e dizimando milhares e animais que ali vivem. Sem ter para onde ir, os animais deslocados sucumbem de fome, na mão de caçadores ou são atropelados nas estradas.

As operações de resgate de fauna, cuja eficiência não foi cientificamente comprovada, além de caras, não resolvem o problema. Adicionalmente, a ocupação das várzeas para projetos agrícolas e extração de argila destroem permanentemente grandes áreas do habitat natural da espécie. Na região de Cerrado, os grandes projetos de monocultura, além de eliminarem o habitat da espécie, ainda promovem a poluição dos mananciais e o desequilíbrio hídrico.

ESTRATÉGIAS PARA A CONSERVAÇÃO DO CERVO-DO-PANTANAL


Levantamentos das populações do cervo-do-pantanal forma feitas no Pantanal e na região limítrofe entre os estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul. Levantamentos adicionais precisam ser feitos nas demais regiões de suas ocorrência, em especial na Bacia do São Francisco a fim de que estratégias conservacionistas possam ser traçadas.

Atualmente, nenhuma área protegida no território nacional possui condições adequadas para manter populações viáveis a longo prazo.

O cervo-do-pantanal (Blastocerus dichotomus) é considerado Vulnerável (VU), pelos critérios A4acde, na avaliação global da IUCN, está incluído no Apêndice I da CITES (CITES 2010), e é considerado Criticamente em perigo (CR) nos estados do Rio Grande do Sul, São Paulo, Paraná e Minas Gerais. Em Santa Catarina, a espécie está extinta, segundo uma avaliação recente, ainda não oficializada.

Referências
Schaller, G.B. & J.M.C. Vasconcelos. 1978. A marsh deer censos in Brazil. Oryx 14:345-351.
Tomas, W.M. 1986. Observações preliminares sobre a biologia do cervo-do-pantanal, Blastocerus dichotomus Illiger, 1811 (Mammalia, Cervidae) no Pantanal de Poconé, MT. Monografia. Cuiabá, Universidade Federal de Mato Grosso.
Pinder, L. 1996. Marsh deer population estimate in the Paraná River, Brazil. Biological Conservation 75:87-91.

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