Serviços ecossistêmicos psicológicos: Os benefícios da natureza para sua saúde mental
Você sabia que uma experiência na natureza pode tratar sua ansiedade e outros distúrbios psíquicos? Sim, pode, e são conhecidos como serviços ecossistêmicos psicológicos.
Imagem de MaBraS por Pixabay |
VAMOS DESCOBRIR...
Tomando
como exemplo, se você trabalha ou estuda está submetido a situações onde acaba
por se estressar (e se você não estuda nem trabalha deve estar estressado por
esse motivo). Atualmente a ansiedade consiste em um problema recorrentemente
citado em nossa sociedade. Mas o que pode
estar por trás destes distúrbios? Haveria alguma forma de tratar ou mesmo prevenir estes problemas? A resposta pode ser
bastante intrigante, pois as informações a seguir podem fazer você se livrar
dos seus problemas psíquicos!
Nas
últimas décadas houve um aumento evidente na prevalência mundial de transtornos mentais, ao passo de que houve uma crescente urbanização, o que resultou numa
diminuição da exposição a ambientes naturais. Há evidências que sugerem uma
relação entre esses fatores, em que a diminuição da exposição a natureza tem
causado mudanças no funcionamento psíquico, e isso demonstra-se em diversos
resultados de pesquisas científicas. É sabido no meio científico que pessoas
que vivem em ambientes rurais são menos propensas ao estresse do que as que
vivem no meio urbano. Também sabe-se que áreas associadas a cursos d’água, ruas
com árvores ou jardins em ambientes urbanos e até mesmo sons da natureza
influenciam o bem estar psicológico de uma população.
O IMPACTO DA EXPERIÊNCIA DA NATUREZA NA SAÚDE MENTAL
Um
estudo da Universidade de Stanford nos Estados Unidos publicado em 2015 trouxe
informações que podem lhe surpreender bastante. Pesquisadores
das áreas de psicologia e biologia liderados por Gregory Bratman, biólogo que
estuda “serviços ecossistêmicos psicológicos” em outras palavras, o impacto da experiência da natureza na função cognitiva
humana e na saúde mental testaram e comprovaram resultados de outros
experimentos que apontavam uma influência da natureza na nossa mente.
Estudos
anteriores mostraram que o contato visual com a natureza através de uma janela
em casa e em um ambiente de trabalho está associado com satisfação e bem estar.
Foi descoberto ainda que crianças em ambientes urbanos submetidas a um ambiente
familiar onde a janela exibe uma vista da natureza como por exemplo uma árvore,
mostraram um melhor desempenho em testes de memória, inibição de impulso,
concentração e memória seletiva.
Até mesmo o simples fato de observar fotografias de natureza até a presença física por curtos períodos de tempo e dias de exposição foram estudados e mostraram um amplo impacto da experiência na natureza no nosso funcionamento psicológico. Os benefícios restauradores proporcionados por esta experiência são explicados por duas teorias que os distingue como afetivos e cognitivos:
Até mesmo o simples fato de observar fotografias de natureza até a presença física por curtos períodos de tempo e dias de exposição foram estudados e mostraram um amplo impacto da experiência na natureza no nosso funcionamento psicológico. Os benefícios restauradores proporcionados por esta experiência são explicados por duas teorias que os distingue como afetivos e cognitivos:
Teoria da restauração da atenção (ART)
A Teoria da restauração da atenção (ART)
diz que os ambientes urbanos afetam nosso controle da atenção e atrapalham o
desempenho em atividades que necessitam desse recurso cognitivo. Quando estamos
em meio a natureza somos submetidos a um fascínio e uma conexão que recobra a
atenção direcionada e a memória. Isso foi testado em estudantes de dormitório
que tinham vista de árvores da janela que foram observados juntamente com
outros que não tinham essa visão pela janela. O primeiro grupo apresentou maior
desempenho em atividades que exigiam concentração.
Outros testes voltados para a atenção sustentada registraram um melhor desempenho em participantes que observaram previamente fotografias da natureza em relação a outros que viram imagens de ambientes urbanos. Em concordância com os exemplos anteriores caminhar em uma área verde natural ao invés de uma área urbana traz benefícios para a memória de trabalho verbal e na atenção direcionada.
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Outros testes voltados para a atenção sustentada registraram um melhor desempenho em participantes que observaram previamente fotografias da natureza em relação a outros que viram imagens de ambientes urbanos. Em concordância com os exemplos anteriores caminhar em uma área verde natural ao invés de uma área urbana traz benefícios para a memória de trabalho verbal e na atenção direcionada.
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Teoria da redução do estresse (SRT)
A Teoria da redução do estresse (SRT)
associa o contato com a natureza com nossa história evolutiva. Quando estamos
diante de uma cena da natureza o sistema nervoso parassimpático é ativado,
reduzindo a excitação autonômica e o estresse. Não deixamos de fazer parte da
natureza, e ao ver cenas como aglomerados de árvores numa área aberta somos remetidos
a um local de refúgio o que segundo a teoria ativa nossa fisiologia de modo
benéfico em termos afetivos, uma vez que tenhamos evoluído para preferir esses
lugares inconscientemente.
Testes
com imagens e vídeos que mostravam cenários naturais exibiram queda na
condutância da pele e na frequência cardíaca, que são indicativos de estresse,
ao passo que outros estudos demonstraram que proximidade com espaço verde gera
um maior bem-estar psicológico. Mas antes que você abra seu Instagram atrás de
imagens da natureza precisa saber de algo ainda mais curioso: Caminhadas em
ambientes naturais fazem você reduzir os níveis de cortisol (hormônio que
apresenta taxas elevadas na corrente sanguínea em situações de estresse) e se
você fizer uma caminhada de 50 minutos, como uma trilha numa área natural, terá
um aumento na sua positividade (afeto positivo). Isso mostra que o contato com
a natureza faz com que o estresse diminua e aumente o seu otimismo de forma
ampla.
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O BEM-ESTAR PSICOLÓGICO ATRAVÉS DA NATUREZA
Este
ano, no mês de junho os mesmos estudos da Universidade de Stanford liderado
pelo Biólogo Gregory Bratman trouxeram novas informações ainda mais
surpreendentes. Compilando outros estudos, feitos por meio de experimentos e
desenhos observacionais, foi evidenciado que a experiência na natureza mostra
ser ainda mais benéfica para o bem-estar psicológico e o funcionamento
cognitivo ao gerar os seguintes efeitos:
- Felicidade e bem-estar subjetivo;
- Interações sociais positivas, coesão
e engajamento;
- Senso de significado e propósito na
vida;
- Melhora do gerenciamento de tarefas
da vida;
- Diminuição do sofrimento mental;
- Memória e atenção;
- Inibição de impulso;
- Desempenho escolar das crianças; e
- Imaginação e criatividade.
Este
mesmo trabalho aborda o fato de a experiência na natureza estar associada a uma
melhora no sono, uma porta de entrada para problemas maiores visto que
problemas de sono e estresse são os principais fatores responsáveis por
transtornos psíquicos e crescentes evidências apontam para a diminuição da
incidência de outros distúrbios como déficit de atenção, transtorno de
hiperatividade e depressão sendo os efeitos moderados com fatores como idade,
status socioeconômico etc.
Uma
fotografia ou a vista de uma janela podem ser contaminadas por distrações
externas, todavia uma total imersão numa floresta, savana ou outro ambiente
natural acaba sendo uma experiência mais intensa. Logo o ideal é que você
busque uma atividade de ecoturismo como trilhas ecológicas pois são seguras e
possibilitam um contato mais longo com a natureza além de ser uma atividade
prazerosa e saudável. Por fim a dica e investir em cuidar do seu bem-estar
psíquico que e tão ou mais importante que outras áreas que costumamos
cuidar.
Postagem por: Ricardo Passos
É Biólogo graduado pelo Instituto Federal do Piauí, desenvolveu atividades de pesquisa científica e ecoturismo na Floresta Nacional de Palmares e atualmente desenvolve trilhas ecológicas em áreas de Cerrado. Contato: ricardopassos323@gmail.com RicardoPassos (Facebook) ricardopassos6979 (Instagram)
Referências
BRATMAN,
Gregory N. et al. The benefits of nature experience: Improved affect and
cognition. Landscape and Urban
Planning, v. 138, p. 41-50, 2015.
BRATMAN,
Gregory N.; HAMILTON, J. Paul; DAILY, Gretchen C. The impacts of nature
experience on human cognitive function and mental health. Annals of the New York Academy of Sciences,
v. 1249, n. 1, p. 118-136, 2012.
BRATMAN, Gregory N. et al. Nature and mental health: An
ecosystem service perspective. Science
advances, v. 5, n. 7, p. eaax0903, 2019.
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