QUAIS SÃO OS TIPOS DE CUIDADO PARENTAL QUE OS ANFÍBIOS TEM COM SEUS FILHOTES?
O cuidado parental foi um sucesso evolutivo para muitos
animais. Aqui mostraremos como é o cuidado que os anfíbios tem com seus
filhotes.
Macho do sapo-parteiro europeu (Alytes obstetricans) protegendo seus ovos. Fonte da imagem: Bernard DUPONT from FRANCE, CC BY-SA 2.0, via Wikimedia Commons |
VAMOS DESCOBRIR...
OS ANFÍBIOS E O CUIDADO PARENTAL
Os adultos de muitas
espécies de sapos, rãs e pererecas, ou seja os Anura em geral, guardam seus
ovos de maneira específica. Em alguns casos, é o macho que protege os ovos; em
outros, é a fêmea. Na maioria dos casos, não se sabe claramente qual sexo está envolvido,
pois a identificação sexual externa é difícil em muitas espécies. Alguns deles desovam
acima da linha d'água permanecem com seus ovos. Algumas espécies sentam-se ao
lado dos ovos; outras descansam sobre eles.
Vejam na imagem abaixo alguns tipos de cuidado parental observados nos Anura, depois vamos explicar em detalhes.
Vejam na imagem abaixo alguns tipos de cuidado parental observados nos Anura, depois vamos explicar em detalhes.
Anfíbios que protegem seus ovos no ninho
Muitos anfíbios
terrestres, que põem ovos de desenvolvimento direto, ou seja permanecem com
eles e atacam os animais que se aproximam do seu ninho. A saída do anfíbio
guardião geralmente resulta no dessecamento e morte dos ovos antes da eclosão
ou em predação. O macho da rã-touro-africana (Pyxicephalus adspersus) protege seus ovos e continua a proteger os girinos
após a eclosão. O macho acompanha o cardume de girinos e até escava um canal
para permitir que nadem de uma poça a outra no alagado.
Os girinos de várias espécies do gênero tropical americano Leptodactylus seguem a mãe em torno da lagoa. Os Leptodactylus são anfíbios grandes e agressivos, capazes de afastar muitos predadores potenciais.
Os girinos de várias espécies do gênero tropical americano Leptodactylus seguem a mãe em torno da lagoa. Os Leptodactylus são anfíbios grandes e agressivos, capazes de afastar muitos predadores potenciais.
Alguns
sapos-veneno-de-flecha dos trópicos americanos desovam no solo e um dos pais
permanece com os ovos até eclodirem em girinos. Os girinos aderem ao adulto e
são transportados até a água. As fêmeas do sapo-panamenho (Colostethus inguinalis) carregam os girinos por mais de uma semana
e, durante esse período, os filhotes aumentam de tamanho (veja na Figura 2 d).
Os maiores girinos carregados pelas fêmeas possuem pequenas quantidades de vegetais no estômago, sugerindo que haviam começado a se alimentar enquanto ainda estavam sendo transportados pela mãe. As fêmeas de outro sapo-veneno-de-flecha da América Central, o Dendrobates pumilio, liberam os girinos em pequenas poças de água nas axilas das folhas de plantas, ali retornando a intervalos para depositar ovos não-fecundados que são comidos pelos girinos.
Os maiores girinos carregados pelas fêmeas possuem pequenas quantidades de vegetais no estômago, sugerindo que haviam começado a se alimentar enquanto ainda estavam sendo transportados pela mãe. As fêmeas de outro sapo-veneno-de-flecha da América Central, o Dendrobates pumilio, liberam os girinos em pequenas poças de água nas axilas das folhas de plantas, ali retornando a intervalos para depositar ovos não-fecundados que são comidos pelos girinos.
Leia também:
- Qual a diferença entre sapos, rãs e pererecas?
- Como é produzido os cantos dos sapos, rãs e pererecas?
Anfíbios que carregam seus ovos
Outros anfíbios, em
vez de permanecer com os ovos, carregam-nos consigo. O macho do sapo-parteiro
europeu (Alytes obstetricans) reúne
os cordões de ovos em torno das patas traseiras à medida que a fêmea os põe (veja na foto da entrada da postagem).
Ele carrega os ovos até que estejam prontos para a eclosão, momento em que libera
os girinos na água.
O macho do sapo-de-darwin (Rhinoderma darwinii), uma espécie terrestre chilena, abocanha os ovos
postos pela fêmea e os carrega nas suas bolsas vocais, que se estendem até a
região pélvica (veja nas Figuras 2 (c)). Os embriões sofrem metamorfose nos sacos vocais e emergem como
filhotes totalmente desenvolvidos. Os machos não são os únicos a cuidar dos
ovos.
As fêmeas de um grupo
de pererecas carregam os ovos nas costas, numa depressão oval aberta, numa
bolsa fechada ou em bolsas individuais. Os ovos desenvolvem-se em miniaturas de
pererecas antes de abandonarem o dorso da mãe.
Uma especialização similar é observada no sapo totalmente aquático do Suriname, o Pipa pipa (veja na Figura 2 f). Na estação reprodutiva, o tegumento do dorso da fêmea se toma espesso e macio. Na ovipostura, o casal abraçado sai nadando em círculos verticais. Na parte superior do círculo, a fêmea está sobre o macho e libera alguns ovos que caem sobre a superfície ventral dele. O macho fecunda os ovos e, na parte inferior do círculo, pressiona-os contra o dorso da fêmea. Os ovos penetram no tegumento macio e forma-se uma cobertura sobre cada um deles, envolvendo-os em uma pequena cápsula. Os ovos se desenvolvem até a metamorfose dentro das cápsulas.
Uma especialização similar é observada no sapo totalmente aquático do Suriname, o Pipa pipa (veja na Figura 2 f). Na estação reprodutiva, o tegumento do dorso da fêmea se toma espesso e macio. Na ovipostura, o casal abraçado sai nadando em círculos verticais. Na parte superior do círculo, a fêmea está sobre o macho e libera alguns ovos que caem sobre a superfície ventral dele. O macho fecunda os ovos e, na parte inferior do círculo, pressiona-os contra o dorso da fêmea. Os ovos penetram no tegumento macio e forma-se uma cobertura sobre cada um deles, envolvendo-os em uma pequena cápsula. Os ovos se desenvolvem até a metamorfose dentro das cápsulas.
As fêmeas da família
Leptodactylidae (veja na Figura 2 b), da espécie Eleutherodactylus
cundalli, e machos de dois da família Microhylidae da Nova Guiné (Liophryne schlaginhaufeni e Scaphiophryne comuta) carregam filhotes
em seus dorsos. Os machos de Liophryne
carregam os filhotes por períodos de três a nove noites e alguns pulam de seu
dorso a cada noite (Bickford, 2002).
Leia também:
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Anfíbios que carregam seus girinos no estômago
Os girinos de duas
espécies do gênero australiano Rheobatrachus
são carregados no estômago da fêmea. A fêmea engole os ovos ou as larvas
recém-eclodidas, retendo-os no estômago até a metamorfose. Esse comportamento
foi descrito pela primeira vez no Rheobatrachus
silus e era acompanhado por extensas modificações morfológicas e fisiológicas
do estômago.
Essas mudanças incluem a distensão da porção cranial do estômago, a separação de células musculares individuais do tecido conjuntivo adjacente e a inibição da secreção de ácido clorídrico, talvez através da prostaglandina liberada pelos girinos.
Essas mudanças incluem a distensão da porção cranial do estômago, a separação de células musculares individuais do tecido conjuntivo adjacente e a inibição da secreção de ácido clorídrico, talvez através da prostaglandina liberada pelos girinos.
Em janeiro de 1984, uma
segunda espécie de anuro com incubação gástrica, R. vitellinus, foi descoberta em Queensland. Estranhamente, essa espécie não tem as extensas
modificações estruturais do estômago que caracterizam a incubação gástrica de R. silus.
Diferenças notáveis entre as duas espécies sugerem a possibilidade surpreendente de que esse bizarro modo de reprodução tenha evoluído independentemente. Ambas as espécies de Rheobatrachus desapareceram poucos anos depois de descobertas e não há qualquer explicação óbvia para a aparente extinção desses anuros fascinantes.
Diferenças notáveis entre as duas espécies sugerem a possibilidade surpreendente de que esse bizarro modo de reprodução tenha evoluído independentemente. Ambas as espécies de Rheobatrachus desapareceram poucos anos depois de descobertas e não há qualquer explicação óbvia para a aparente extinção desses anuros fascinantes.
Referências
Bickford, D. 2002. Male parenting of New Guinea froglets.
Nature 418:601-602.
POUGH, F. Harvery;
JANIS, Christine M; HEISER, John B. A
vida dos vertebrados. Atheneu Editora São Paulo, 2006.
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