Como e por que as plantas soltam gotinhas de água pelas folhas?
Você talvez já viu em alguma planta ela soltar pequenas
gotas de água? Se já viu ou não esse fenômeno se chama gutação. Mas por que e
como elas fazem isso?
Foto: Cleverson Felix |
VAMOS DESCOBRIR...
A maioria das plantas
precisa de água, isso é obvio e todos sabem disso. Mas tudo em excesso é ruim
não é mesmo? E para as plantas segue a mesma regra, e com isso elas utilizam um
fenômeno chamado de gutação para eliminar o excesso de água pelas folhas. Mas
antes de explicarmos como elas fazem isso vamos a fisiologia e anatomia básica
delas.
O que são as folhas?
As folhas são órgãos
adaptados à realização da fotossíntese. As duas principais características que
evidenciam tal adaptação são a forma laminar das folhas e a presença
de tecidos formados por células ricas em cloroplastos, os parênquimas clorofilianos. A forma laminar das folhas faz com que estes tecidos
fotossintetizantes fiquem mais amplamente expostos à luz solar.
As folhas têm origem
a partir de protuberâncias laterais dos caules denominadas primórdios foliares.
Na maior parte das angiospermas as folhas têm crescimento limitado, isto é, ao
atingirem determinado tamanho, característico da espécie, elas param de
crescer.
TECIDOS VEGETAIS
A superfície externa
de uma planta jovem é revestida pela epiderme, uma camada de células achatadas
e bem encaixadas, sem cloroplastos. A função da epiderme é isolar e proteger os
tecidos internos da planta.
Cutícula
As células epidérmicas
secretam para o exterior substâncias impermeabilizantes, que formam uma
película de revestimento denominada cutícula. O principal componente da cutícula
é a cutina, um polímero feito de moléculas de ácidos graxos. Além de evitar a
perda de água, a cutícula protege a planta contra infecções e traumas
mecânicas.
Estômatos
Os estômatos se
localizam nas folhas, geralmente na epiderme inferior. Um estômato é formados
por um par de células encaixadas (as células estomáticas) que têm forma de rim
ou de haltere. As células estomáticas são as únicas epidérmicas que apresentam
cloroplastos. As células estomáticas deixam entre si um orifício denominado
ostíolo, através do qual os gases atmosféricos podem entrar e sair da planta. A
abertura do ostíolo pode aumentar ou diminuir, de acordo com as alterações do
volume das células estomáticas.
Pelos
Pelos são projeções
epidérmicas constituídas por uma ou por várias células. Na raiz existem pelos absorventes,
que aumentam significativamente a área epidérmica capaz de absorver água e sais
minerais do solo. Nas folhas, os pelos tem geralmente a função de diminuir a
perda de água por evaporação. Se forem abundantes e entrelaçados, os pelos aprisionam
uma camada de ar saturada de vapor d’água, o que diminui a transpiração.
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Hidatódios
Os hidatódios são estômatos modificados, especializados em eliminar excessos de
líquidos da planta. Eles que são os responsáveis pelo fenômeno da gutação.
O QUE É O FENÔMENO DA GUTAÇÃO E COMO ELE ACONTECE?
Como dito no início
da postagem, você já deve ter visto uma planta onde na ponta de suas folhas
tinha gotinhas de água saindo. Há situações em que a planta, embora saturada de
água, continua a absorvê-la. Para eliminar o excesso é feita sob essas pequenas
gotas que ocorre através dos hidatódios, que ficam nas bordas das folhas, onde
terminam as nervuras.
Esse fenômeno da
gutação é mais observado à noite, em ambientes em que o solo e atmosfera estão
saturados de água, sob temperatura alta. Como vocês podem ver no vídeo no início
da postagem, onde eu estava em uma floresta de Mata Atlântica que no qual tinha
chovido muito nos dias anteriores e as plantas no chão da floresta estavam
eliminando esse excesso de água pela gutação.
Condução da seiva bruta das plantas
O xilema apresenta os
elementos de vaso e os traquídes, células mortas que se dispõem de modo a
formar longos e estreitos canais desde a raiz até as folhas. Sendo estreitos,
poderíamos supor que a água ascendesse por capilaridade, devido à propriedade
de adesão e coesão que as moléculas de água possuem. Por capilaridade, a água
sobe espontaneamente em tubos, e quando mais finos eles forem, mais alto a água
subirá. A ascensão, no entanto, cessa quando o peso da coluna líquida torna-se
maior do que adesão das moléculas de água à parede do tubo. Esse fenômeno é
capaz de elevar a seiva bruta a menos de 1 metro do solo, não explicando o
transporte em plantas maiores.
Existem ouras duas
teorias para explicar a condução da seiva bruta das raízes até as folhas: pressão positiva da raiz e coesão-tensão.
A pressão positiva ou impulso da raiz
está relacionada como o transporte ativo de sais para o interior do xilema da
raiz, o que provoca aumento da concentração osmótica em relação à solução
aquosa do solo. Com isso, há grande entrada de água por osmose no xilema da
raiz, impulsionando a seiva bruta para cima.
Esse fenômeno está
restrito a algumas plantas de pequeno por te submetidas a certas condições
especiais, como solos ricos em água e umidade do ar elevada, ai vem a gutação
pelos hidatódios.
A pressão da raiz não
explica a condução da seiva bruta até a copa de árvores altas. O que melhor
explica essa condução é a teoria da coesão-tensão, formulada pelo botânico
Henry Dixon e, por isso, também conhecida por teoria de Dixon.
Teoria de Dixon
Segundo essa teoria,
a perda de água por transpiração nas folhas atuaria como uma forma de sucção de
água. A perda de água por transpiração nas folhas faz com que suas células
fiquem com força de sucção aumentada. Com isso, tendem a absorver, por osmose,
água do xilema, onde a concentração é menor. A água passa então do xilema para
as células do clorênquima das folhas. Como as moléculas de água ficam muito
coesas, elas permanecem unidas entre si e são puxadas sob tensão. Forma-se,
assim, uma coluna contínua de água no interior do xilema, desde as raízes até
as folhas.
Nessas condições, a
água é absorvida do solo rapidamente pelas raízes ou mesmo sem elas. É o que
acontece quando colocamos ramos de flores em vasos com água.
Segundo essa teoria
da coesão-tensão, portanto, a absorção e a condução de água estão relacionadas
com a transpiração.
Apesar de a teoria de
Dixon ser uma explicação mais generalizada, os outros mecanismos podem ter
importância relativa em função da altura, da espécie de planta e de condições
ambientais.
Referências
AMABIS, José Mariano;
MARTHO, Gilberto Rodrigues. Biologia dos Organismos, classificação, estruturas
e função nos seres vivos. 1ª edição. Editora Moderna, 1998.
LOPES, Sônia; ROSSO,
Sérgio. Biologia. Volume único. Editora Saraiva, 2006.
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