Quem são os Marsupiais?

Os marsupiais, tradicionalmente, foram considerados em uma única ordem, Marsupialia. Vamos conhecer mais um pouco sobre esses mamíferos únicos e incríveis.

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O coala (Phascolarctos cinereus). Imagem de Holger Detje por Pixabay 

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Estudos mais recentes sugerem que eles podem ser divididos em, ao menos, quatro linhagens, equivalentes, quanto à diversidade morfológica e genética, às ordens dos eutérios.

Há uma divisão fundamental, nas inter-relações entre os marsupiais, entre Ameridelphia, do Novo Mundo, e Australidelphia, da (principalmente) Austrália. Um terceiro grupo, atualmente extinto e possivelmente mais primitivo do que os grupos viventes, era o Deltatheroidea, do final do Cretáceo, na Ásia.

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A Ordem Didelphimorphia, os gambás


A ordem Didelphimorphia, de Ameridelphia, inclui os didelfóides (gambás mais formas extintas relacionadas, tais como os marsupiais do Hemisfério Norte do início da Era Cenozoica) e algumas formas extintas do Cretáceo. Os gambás atuais formam um grupo bem diversificado de marsupiais de pequeno a médio portes, sendo onívoros arborícolas ou semi-arborícolas, incluindo animais tais como o gambá lanoso, e o yapok, semelhante a uma lontra, ambos herbívoros.

Uma diversidade muito maior de didelfoides existia no Terciário, incluindo formas similares à jerboa e as formas similares à toupeira. Outros ameridélfios são os cenolestídeos, formas pequenas e terrestres similares a esquilos, e os boriaenóides extintos, uma grande radiação da Era Cenozoica de formas carnívoras.

Os boriaenóides incluíam formas similares a furões, a cães, a ursos e, até mesmo, um paralelo a um tigre dente-de-sabre do Plio-Pleistoceno, o Thylacosmilus.

Um tipo remanescente de marsupial sul-americano é o "monito dei monte" (Figura 3), um animal pequeno, similar a um rato, que habita as florestas montanhosas do Chile e da Argentina. Estudos moleculares demonstraram que este animal é aparentado aos marsupiais australianos, podendo ser uma relíquia distante dos marsupiais sul-americanos originais, os quais migraram, pela Antártica, até a Austrália no início da Era Cenozoica.

Os marsupiais da Austrália


A Australidelphia australiana apresenta três ordens principais. Os dasiurídeos são formas carnívoras: os gatos marsupiais e o camundongo marsupial (os quais seriam melhor chamados de "musaranhos", já que são carnívoros e insetívoros, ao invés de onívoros). Alguns dasiurídeos grandes incluem o Diabo-da-Tasmânia (Figura 2) e o Lobo-da-Tasmânia, ou tilacinio.

Figura 2. O famoso Diabo-da-Tasmânia (Sarcophilus harrisii). Imagem de Bernd Müller por Pixabay 

Os tilacíneos foram descritos como extintos na década de 1930, mas evidências de sua existência são reportadas a partir de pequenas observações e de pegadas. Estes animais da Tasmania eram conhecidos na Austrália antes da chegada dos humanos e de seus cães eutérios verdadeiros, os dingos.

O tamanduá marsupial (o "numbat", veja na Figura 3) é aparentado aos Dasiurídeos, e a toupeira-marsupial pode apresentar uma relação mais distante.

Figura 3. O pequeno Numbat. Imagem de BurningWell por Pixabay 

Os peramelídeos incluem os "bandicoots" e os "bilbies". Estes animais se parecem com coelhos, mas são insetívoros, ao invés de herbívoros. Os peramelídeos compartilham, com o grupo final de marsupiais (os diprotodontios), uma condição nos membros pelvinos, conhecida por sindactilia, na qual o segundo e o terceiro dedos são reduzidos em tamanho, e envoltos por uma mesma pele membranosa, de forma que parecem formar um único dedo. Estes dedos são usados na catação ("grooming").

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O maior grupo de marsupiais


O maior grupo de marsupiais é o dos diprotodontios Eles recebem este nome devido a seus incisivos inferiores modificados, os quais se projetam para frente, de modo similar ao que ocorre com os roedores (Grego di = dois, proto = primeiro e dont = dente).  Atualmente, está linhagem inclui formas herbívoras e onívoras, embora o recentemente extinto leão-marsupial, o Thylacoleo, pareça representar um retomo ao modo carnívoro, a partir de uma ancestralidade herbívora. O Thylacoleo apresenta algumas especializações interessantes: a partir de uma ancestralidade herbívora, ele perdeu seus caninos, porém modificou seus incisivos em dentes similares aos caninos perdidos.

As três principais radiações entre os diprotodontídeos são os falangeróides, os fascolarctóides e os macropodóides. Os falangeróides representam uma radiação arborícola de animais similares a primatas, também incluindo planadores. Eles possuem seis famílias, incluindo os gambás, os planadores, os "ring tails", os cuscuses e o pequeno "honey possum" ou "noolbenger" -  o único mamífero que se alimenta de néctar e que não é um morcego.

Figura 4. O Wombat. Imagem de Penny por Pixabay 

Os fascolarctóides, ou vombatiformes, incluem o coala arborícola e os wombats terrestres (Figura 4). Os fascolarctóides extintos incluem os diprotodontídeos, com o porte de u m bisão, que pareciam wombats gigantes e que pastavam pelas savanas australianas do Plio-Pleistoceno. Os macropodóides incluem os pequenos ratos cangurus, ou "potoroos", onívoros, e os cangurus verdadeiros, maiores e herbívoros (incluindo os "wallabies" e os cangurus arborícolas). Alguns ratos-canguru gigantes extintos eram de um tamanho de um cachorro grande e podem ter sido carnívoros (Wroe 1999).

Atualmente, os grandes cangurus têm uma massa corpórea de cerca de 90 kg, mas os maiores (de até o dobro do tamanho) existiram no Pleistoceno, incluindo uma radiação de cangurus Sthenurine com um único dedo, faces curtas e que pastavam, todos extintos. Os Sthenurines, com suas faces curtas e com seus membros dianteiros fortes, podem ser a fonte das lendas sobre coelhos gigantes no interior da Austrália. Talvez, como as formas de deserto, eles também possuíssem orelhas grandes para o resfriamento.

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Referências
Wroe, S.  1999.  Killer kangaroos and other murderous marsu-pials. Scientific American 280:58-64.
POUGH, F. Harvery; JANIS, Christine M; HEISER, John B. A vida dos vertebrados. Atheneu Editora São Paulo, 2006.

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