Como os animais conseguem sobreviver nos desertos?
Animais que vivem em desertos, tanto endotérmicos e
ectotermicos enfrentam um desafio enorme para manter a sua temperatura corporal
estável.
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Os dromedários são mamíferos bastante resistentes a desertos. Imagem de Wolfgang_Hasselmann por Pixabay |
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O estudo que
mostraremos aqui pode ser um pouco complexo, mas com atenção e seguindo o
gráfico (Figura 2) mostrado você poderá entender melhor.
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Quanto está quente?
Medições de temperaturas
ambientais são amplamente encontradas em estudos de energética animal. Mas na
realidade o processo de realizar as medições é complicado, e não existe medição
que seja necessariamente apropriada para todos os fins. A troca de energia
entre animais e o meio ambiente envolve radiação, convecção, condução e
evaporação.
Ademais, a produção
de calor metabólico contribui significativamente para as temperaturas corporais
dos endotérmicos. O ambiente térmico de um animal é determinado por todas as
vias de troca de calor operando simultaneamente.
A pergunta Quanto
está calor? Pode-se traduzir por: Qual é a carga de calor para um animal neste
meio ambiente? Responder a esta pergunta requer a integração de todas as rotas
de troca de calor para resultar e m um número que represente a carga de calor
ambiental. (É mais fácil pensar e m um a carga de calor com o vinda de um
ambiente quente e representando um risco de superaquecimento [hipertermia], mas
o mesmo raciocínio aplica-se a u m ambiente frio. Nesse caso o problema é perda
de calor e risco de hipotermia.)
Pequenos roedores
Ecofísiologistas
desenvolveram diversas medições da carga de calor ambiental em um organismo. Os dados
provêm de um estudo de termorregulação do esquilo-antílope de solo (Ammospermophilus leucurus) em
um cânion no deserto da Califórnia.
Entre os mamíferos
pequenos são os roedores que sobressaem nas regiões áridas. E lugar-comum a observação
de que as densidades de população de roedores são mais altas em desertos do que
em circunstâncias úmidas. Muitas características ancestrais da biologia dos roedores
permitem-lhes estender seus espaços geográficos para o interior de regiões
quentes e áridas.
Entre as mais importantes destas características encontram-se normalmente os hábitos noctívagos de muitos roedores e sua prática de viverem em tocas. Uma toca fornece abrigo do calor de um deserto, dando ao animal acesso a um micro ambiente protegido, enquanto as temperaturas do solo na superfície elevam-se acima de seus níveis letais.
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Entre as mais importantes destas características encontram-se normalmente os hábitos noctívagos de muitos roedores e sua prática de viverem em tocas. Uma toca fornece abrigo do calor de um deserto, dando ao animal acesso a um micro ambiente protegido, enquanto as temperaturas do solo na superfície elevam-se acima de seus níveis letais.
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Temperatura do ambiente
A medição mais fácil
de fazer é a da temperatura do ar (Ta, frequentemente chamada de temperatura
ambiente). Em Deep Canyon, Califórnia, e m junho, a temperatura do ar eleva-se
de cerca de 25° C ao alvorecer até u m pico acima de 50° C n o fim da tarde, e
então declina. A temperatura d o ar é um fator que intervém nas trocas
condutivas e convectivas de calor. Um animal ganha calor por condução e por convecção
quando a temperatura do ar é mais quente do que a temperatura da superfície do
animal, e perde calor quando o ar é mais frio. A troca condutiva de calor é em
geral pequena, mas a convecção pode ser um componente importante no orçamento
geral de energia de um organismo No entanto, a magnitude da troca de calor
convectiva de pende da velocidade do vento assim com o da temperatura do ar.
Desta forma, a medição da temperatura do ar fornece apenas um a parte da
informação necessária para avaliar tão somente um a das três vias de troca de
calor. Consequente mente, a temperatura do ar não é uma medição muito útil da carga
de calor.
Se a temperatura do
ar é insatisfatória com o medição da carga de calor ambiental, por dar apenas
um a pequena contribuição para a troca geral de energia, talvez um a medição da
principal fonte de calor seja mais o de que se precisa. O calor do Sol
(insolação solar) nesse ambiente árido é a maior fonte de calor, e a magnitude
da insolação (Qi) pode ser medida com um instrumento chamado pirômetro. A insolação
solar sobe de 0 de madrugada para cerca de 900 watts por metro quadrado no meio
do dia, caindo para zero no crepúsculo.
Essa medição fornece
informação a respeito de quanta energia solar está disponível para aquecer um
animal, mas isto ainda é apenas um componente da troca de energia que determina
a carga de calor.
Temperatura ambiental efetiva
A temperatura
ambiental efetiva (Te) combina os efeitos da temperatura do ar, temperatura do
solo, insolação solar e velocidade do vento. A temperatura ambiental efetiva é
medida fazendo-se uma cópia exata do animal (um manequim), equipando-o com um
sensor de temperatura como um par termelétrico, e colocando o manequim no mesmo
local do habitat que o animal real ocupa. Montagens taxidermizadas são usadas
frequentemente como manequins: a pele não curtida de um animal é espichada em
uma moldura de arame ou sobre um molde oco feito de cobre. Como o manequim tem
o mesmo tamanho, forma cor e textura da superfície do animal, sua resposta é a
mesma do animal à insolação solar, radiação infravermelha e convecção. A temperatura
de equilíbrio do manequim é a temperatura que um animal inerte teria como resultado
da combinação da troca de calor radiativa e convectiva. Em Deep Canyon, as temperaturas
de manequins de esquilo-antílope de solo subiram mais rapidamente do que as temperaturas
do ar e estabilizaram-se perto de 65°C do meio do dia até o fim da tarde. As temperaturas
dos manequins eram 15°C mais altas do que a temperatura do ar, demonstrando que
a carga de calor experimentada pelo esquilo-de-solo era muito maior que a estimada
a partir apenas da temperatura do ar.
Porque um manequim, é
uma "casca oca" - uma pele esticada sobre uma estrutura de suporte -
não repete exatamente os processos termorreguladores que têm importantes influências
sobre as temperaturas corporais de um animal real. A produção de
calor metabólico aumenta a temperatura corporal de um esquilo de solo, a perda
de água por evaporação a abaixa, e alterações na circulação periférica, além de
posicionamento do pelo levantado ou baixado, mudam o isolamento térmico. Os
efeitos desses fatores podem ser reunidos matematicamente se forem conhecidos
os valores atribuídos ao metabolismo, isolamento térmico e condutância do corpo
inteiro. O resultado deste cálculo é a temperatura padrão vigente (Tp). Encontra-se uma exposição de como calcular a Tp em
Bakken (1980).
Para o esquilo de
solo de nosso exemplo a temperatura padrão vigente seria próxima de 10°C mais
alta do que a temperatura efetiva, e cerca de 25°C do que a temperatura do ar.
Para boa parte do dia a Tp de um esquilo de solo debaixo do sol no Deep Canyon
foi de 30°C ou mais, acima da temperatura crítica superior de 43 °C. Cálculos
similares podem fornecer valores de Tp em outros microambientes que os esquilos
podem ocupar - à sombra de um arbusto, por exemplo, ou numa toca. Esta é a informação
de que se precisa para avaliar o comportamento dos esquilos a fim de determinar
se suas atividades são limitadas pela necessidade ou pela fuga do calor
excessivo.
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Referências
Bakken, G. S. 1980. The use of standard operative temperature
in the study of the thermal energetics of birds. Physiologi-cal Zoology 53:108-119.
POUGH, F. Harvery; JANIS, Christine M; HEISER, John B. A
vida dos vertebrados. Atheneu Editora São Paulo, 2006.
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