Será que existem peixes no deserto?
Peixes
no deserto? Parece brincadeira, mas é verdade. Venha conhecer alguns desses
animais e como eles conseguem sobreviver nessas regiões inóspitas.
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E antes de começar a postagem confira um E-book somente sobre Biologia Marinha, que é uma coletânea temática sobre os principais temas sobre Introdução à Biologia Marinha, organizada com artigos publicados na Revista Biologia Marinha ISSN 2595-931X. Clique no link abaixo ou na imagem para acessar:
No deserto, os habitats aquáticos permanentes
podem ter populações de peixes, mas relativamente poucas espécies são capazes
de tolerar as altas temperaturas e altas salinidades que caracterizam muitos desses
corpos de água. "Pupfish" (Cyprinodontidae), "min-nows" (Cyprinidae)
e ciclídeos (Cichlidae) são os grupos encontrados com maior frequência nos
desertos. Os lagos e mananciais do deserto raramente possuem mais do que cinco
espécies de peixes, sendo que muitos habitats são ocupados por apenas uma
espécie.
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O desafio de viver no deserto para os peixes
Os problemas que os peixes do deserto
enfrentam dependem do habitat no qual eles ocorrem. Nascentes, como aquelas de Ash
Meadows no Vale da Morte podem ser relativamente grandes ou muito
pequenas.
Big Spring tem 15 metros de
diâmetro e 9 metros de profundidade, enquanto o Mexican Spring possui menos do
que 2 metros de diâmetro e apenas de 2 a 5 centímetros de profundidade. A água
numa nascente geralmente possui a mesma temperatura e salinidade ao longo do
ano, mas algumas nascentes alcançam 30°C ou mais e outras ficam perto de 20°C.
Lagoas e lagos frequentemente
apresentam maior variação sazonal na temperatura e na salinidade. Alguns desses corpos de água são
remanescentes de enormes lagos que preencheram os vales do deserto durante o
Pleistoceno. O Lago Pyramid, em Nevada, por exemplo, é um remanescente do Lago
Lahonton, que, certa época, cobriu mais do que 20.000 km² na Califórnia e em
Nevada. As antigas margens do Lago Lahonton estão marcadas por três terraços que
estão agora 34, 100 e 163 metros acima do nível atual do lago. Outros
remanescentes do Lago Lahonton incluem o Lago Honey, na Califórnia, e o Lago
Walker e as Bacias de Carson e Humboldt, em Nevada. Terraços de lagos similares
do Pleistoceno, podem ser encontrados no Deserto do Saara e nos desertos do
Oriente Médio.
À medida que os lagos do Pleistoceno contraíram-se, populações
de peixes outrora muito difundidas foram isoladas nos corpos de água remanescentes
(o Salton Sea da Califórnia tem uma origem diferente dos outros lagos do
Sudoeste. Ele situa-se na bacia do Lago LaConte, do Pleistoceno, mas o Salton
Sea foi formado em 1905, quando o Rio Colorado irrompeu através das margens de
um sistema de irrigação, formando um lago com 25 metros de profundidade e mais
de 1.300 km² de área.
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As espécies de peixes do deserto
Altas temperaturas, salinidade e
variação na concentração de oxigênio fazem dos lagos do deserto, ambientes difíceis
para os peixes. "Pupfish" (espécies de Cyprinodon) estão espalhados por esses lagos e enfrentam bem, tanto
o calor como a salinidade.
No Manancial de Quitobaquito, no Organ Pipe National
Monument, por exemplo, "pupfishes" do deserto (Cyprinodon macularius) são encontrados em águas rasas a
temperaturas de 40 a 41°C (que estão apenas 2 ou 3°C abaixo da temperatura
letal para o peixe) e não em águas de 30°C, encontradas a poucos metros de
distância. Outras espécies de Cyprinodon
foram encontradas habitando voluntariamente águas com temperaturas de 43 a
44°C.
Como esses peixes conseguem sobreviver a esses ambientes extremos?
Os lagos do deserto são frequentemente
caracterizados por altas salinidades bem como por altas temperaturas. Os jovens
de Cyprinodon são capazes de suportar
concentrações de sal de pelo menos até 90 gramas de sal dissolvido por litro de
água, o que corresponde a aproximadamente três vezes a concentração da água do
mar. Espécimes novos e grandes adultos de "pupfísh" são ligeiramente
menos tolerantes à salinidade do que os jovens e os ovos não se desenvolverão
em salinidades superiores à 70 gramas por litro. Uma variedade de salinidades frequentemente
está disponível para os "pupfishes" porque a densidade da água aumenta
à medida que a salinidade aumenta e volumes de água com diferentes salinidades
tendem a não se misturar. Sendo assim, um peixe é capaz de selecionar, dentro
de um habitat, áreas de diferentes salinidades, da mesma maneira que consegue
selecionar áreas com diferentes temperaturas.
Ribeirões são um terceiro habitat para
os peixes do deserto. O fluxo de água dos ribeirões varia durante o ano e, nas
estações secas, a superfície da água nos ribeirões intermitentes encontra-se
reduzida a poças isoladas separadas do leito do ribeirão por áreas secas. Na
estação chuvosa, no entanto, o ribeirão pode fluir continuamente, chegando a
inundar. As populações de peixes nos ribeirões dos desertos aumentam e diminuem
de forma típica em resposta às mudanças no fluxo de água.
Salt Creek, no Vale da Morte, é habitado
por "Devil's Hole pupfishes" (Cyprinodon
salinus). A população aumenta cem vezes à medida que a água das chuvas de
inverno, no Deserto de Mohave, escoam no ribeirão durante o inverno e a
primavera, então, no verão e no outono, quando o ribeirão seca, a população cai
acentuadamente.
Alguns peixes do deserto, como os "pupfishes" e o "longfin dace" (Agosia chrysogaster), avançam muito pelos habitats aquáticos temporários durante períodos de fortes chuvas e boa vazão. Quando os ribeirões do deserto estão perto de secar, a evaporação pode consumir todo o fluxo de água durante o dia, deixando apenas o leito úmido.
Alguns peixes do deserto, como os "pupfishes" e o "longfin dace" (Agosia chrysogaster), avançam muito pelos habitats aquáticos temporários durante períodos de fortes chuvas e boa vazão. Quando os ribeirões do deserto estão perto de secar, a evaporação pode consumir todo o fluxo de água durante o dia, deixando apenas o leito úmido.
A maioria das espécies de peixes morre
nessas condições, mas o "longfin dace" sobrevive sob emaranhados de
algas saturados de água. O curso de água do ribeirão continua à noite, quando a
temperatura cai, e o "dace" emerge de sob as algas, nadando e
alimentando-se em poucos milímetros de água. Os peixes são capazes de sobreviver
nessas condições por várias semanas e, se a chuva reabastece o ribeirão, eles
conseguem retomar às áreas de água permanente.
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OS PEIXES PODEM PRODUZIR SEU PRÓPRIO PROTETOR SOLAR?
Um grupo de biólogos liderada Prof Taifo Mahmud da Oregon State University descobriu que o peixe-zebra (Danio rerio) são capazes de sintetizar uma substância química chamada gadusol que protege contra a radiação ultravioleta (UV).
"O fato de que o composto é produzido pelo peixe, bem como por outros animais, incluindo aves, torna-o uma perspectiva segura para ingerir sob a forma de comprimido", disse o prof Mahmoud.
Gadusol foi originalmente identificado no bacalhau e desde então foi descoberto nos olhos do camarão-mantis, ovos de ouriço do mar, esponjas, e nos ovos e recém-eclodidos de larvas de camarão de água salgada.
Foi previamente pensado que os peixes só podem adquirir o produto químico por meio de sua dieta ou através de uma relação simbiótica com bactérias.
Os organismos marinhos no oceano superiores e em recifes estão sujeitos à luz solar intensa e muitas vezes implacável.
Os benefícios do Gadusol contra os raios ultravioletas
Professor Mahmud e seus colegas estavam investigando compostos similares ao gadusol que são usados para tratar diabetes e infecções fúngicas. Acredita-se que a enzima biossintética comum a todos eles, VEA, estava presente apenas nas bactérias.
Eles ficaram surpresos ao descobrir que os peixes e outros vertebrados contêm genes semelhantes ao código de VEA.
Curioso sobre as suas funções em animais, que expressa o gene do peixe-zebra, em Escherichia coli e análise sugerem que os peixes VEA combinam com outra proteína, cuja produção pode ser induzida pela luz, para produzir gadusol.
Experimentos com o peixe-zebra
Para verificar que esta combinação é realmente suficiente, os cientistas transferiram os genes para levedura e pô-los a trabalhar para ver o que iria criar.
Isto confirmou a produção de gadusol. Sua produção bem sucedida em levedura fornece uma rota viável para a comercialização.
Bem como proporcionar proteção contra o UV, o gadusol pode também desempenhar um papel na resposta ao stress, no desenvolvimento embrionário, e como um antioxidante.
"No futuro, pode ser possível usar as leveduras para produzirem grandes quantidades deste composto natural para pílulas anti-solares e loções, bem como para outros cosméticos vendidos em seu supermercado ou farmácia local," disse o prof Mahmud, que é o autor sênior o artigo publicado na revista eLife.
Referências
POUGH, F. Harvery; JANIS, Christine M; HEISER,
John B. A vida dos vertebrados. Atheneu Editora São Paulo, 2006.
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