POR QUE DEVEMOS CLASSIFICAR OS SERES VIVOS?
Já pensou se você fosse para outro país e lá tivesse o mesmo animal mas com um nome diferente? Por isso para não ter confusão foi criado a classificação dos seres vivos único no mundo inteiro.
Foto: Cleverson Felix. |
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Um outro exemplo é, você já pensou se cada farmacêutico decidisse dar nome para cada medicamento existente em sua farmácia? E se cada um disputasse os remédios nas prateleiras segundo a sua própria conveniência? Manda o bom senso que os nome dos medicamentos sejam os mesmos dentro de cada país e que a disposição deles nas prateleiras das farmácias siga uma norma aceita por todos, facilitando, assim, a sua localização.
A CLASSIFICAÇÃO DOS SERES VIVOS
Seja por ordem alfabética, pela finalidade do medicamento (analgésicos, antialérgicos, antidiarreicos etc.), ou ainda, por um associação dos dois critérios, a vantagem da classificação é evidente: qualquer pessoa pode localizar o medicamento quando a ordenação deles na farmácia é feita segundo critérios universalmente aceitos.
Entre a infinidade de
seres vivos existentes no planeta, há o mesmo problema. A diversidade biológica é enorme. Foi por isso preciso ordená-los,
agrupando-os em grupos facilmente manipuláveis e que pudessem ser utilizados
por qualquer pessoa que se dedicasse ao seu estudo ou pesquisa. Surgiram,
então, os sistemas de classificação que procuravam ordená-los segundo critérios
de fácil compreensão e utilização. Assim, cientistas do mundo inteiro passaram
a trabalhar com espécimes cuja posição era a mesma nos sistemas de
classificação empregados. Para dar apenas um exemplo: o nome científico do cão doméstico é Canis familiaris, que pertence à família dos canídeos e à ordem dos carnívoros.
Ele é conhecido dessa forma por qualquer cientista, seja sueco, um russo ou
brasileiro. Quer dizer, todos se utilizam do mesmo critério para ordenar os
seres vivos na classificação biológica. Essa atitude facilitou a comunicação
entre biólogos de diferentes localidades, uma vez que o método proposto para
ordenar os seres vivos tem sido universalmente aceito.
A ideia dos Reinos para agrupar os seres vivos
Por um longo tempo,
os biólogos consideraram a existência de apenas dois grandes reinos de seres
vivos: o reino Animal e o reino Vegetal. Para a maioria dos seres, essa
maneira de classifica-los não era problemática. Ninguém teria dúvida em
considerar o sapo como animal e a samambaia como vegetal.
Os critérios então utilizados para essa divisão eram simples: os animais andam e são heterótrofos (ou seja, são incapazes de produzir seu alimento orgânico, devendo obtê-lo pronto de outra fontes). Os vegetais são imóveis e autótrofos (ou seja, capazes de produzir seu alimento orgânico a partir de substâncias simples do meio, com a utilização da luz do Sol, em um processo conhecido como fotossíntese).
Os critérios então utilizados para essa divisão eram simples: os animais andam e são heterótrofos (ou seja, são incapazes de produzir seu alimento orgânico, devendo obtê-lo pronto de outra fontes). Os vegetais são imóveis e autótrofos (ou seja, capazes de produzir seu alimento orgânico a partir de substâncias simples do meio, com a utilização da luz do Sol, em um processo conhecido como fotossíntese).
Mas, a partir do
momento em que surgiram os primeiros microscópios começaram a ser descobertos
outros seres difíceis de classificar. Um deles foi a euglena, um microrganismo que, em presença da luz, atua como
autótrofo, sendo capaz de realizar fotossíntese. Quando colocada no escuro, no
entanto, ela é capaz de se alimentar, como qualquer heterótrofo.
Além disso, possui um flagelo que permite a sua locomoção, funcionando como animal! Outro caso paradoxal é o dos Fungos (cogumelos, bolores, orelhas-de-pau). São fixos, parecendo-se, assim, vegetais. São, porém, incapazes de fazer fotossíntese, por serem aclorofilados (clorofila é um pigmento fundamental na realização da fotossíntese). Alimentam-se de restos orgânicos. Os fungos são heterótrofos. Assim como as euglenas e os fungos, há outros casos de seres vivos que não se enquadram nem no reino animal, nem no reino vegetal.
Além disso, possui um flagelo que permite a sua locomoção, funcionando como animal! Outro caso paradoxal é o dos Fungos (cogumelos, bolores, orelhas-de-pau). São fixos, parecendo-se, assim, vegetais. São, porém, incapazes de fazer fotossíntese, por serem aclorofilados (clorofila é um pigmento fundamental na realização da fotossíntese). Alimentam-se de restos orgânicos. Os fungos são heterótrofos. Assim como as euglenas e os fungos, há outros casos de seres vivos que não se enquadram nem no reino animal, nem no reino vegetal.
Tendo em vista a
existência desses problemas, os cientistas decidiram criar o reino Protista. Nele, enquadram as bactérias, os protozoários, os fungos e as algas, ou seja, seres que não
se encaixavam na ideia de animal ou vegetal. A partir do século XIX, portanto,
passou-se a falar da existência de três reinos: Animal, Vegetal e Protista.
Com o progresso da
Ciência e a descoberta do microscópio eletrônico, foi possível visualizar
melhor a célula, componente praticamente
universal dos seres vivos da Terra atualmente. Verificou-se, assim, que as
bactérias e as cianobactérias, que até então eram consideradas protistas,
possuíam células desprovidas de núcleo organizado. O material genético ficava
disperso no interior da célula. Criou-se o termo célula procariótica para designar essa organização celular
primitiva.
Já nas células dos
demais seres vivos, percebeu-se a existência de um núcleo perfeitamente
delimitado por uma membrana, a chamada carioteca.
Esse tipo celular passou a ser chamado de célula
eucariótica e existe em todos os demais seres vivos celulares da Terra
atualmente.
A partir dessa
descoberta, fez-se mais uma nova distribuição dos seres vivos. As bactérias e
todos os demais seres que possuem célula procariótica passaram a compor um novo
reino: o Monera.
Como podemos
perceber, as descobertas ampliam os conhecimentos biológicos e modificam
comportamentos. A classificação atualmente proposta para os seres vivos
considera-os como componentes de cinco grandes reinos.
Vírus: esses seres extraordinários
A descoberta dos vírus revelou que são seres
extremamente pequenos e acelulares. Diferem de todos os demais seres atualmente
existentes na Terra. Seu corpo é formado por material genético envolvido por
proteína.
Então em que reino
vamos enquadrá-los? Uma solução possível é formar com eles um novo reino: o
reino Vírus. Outra solução,
conveniente em termos didáticos, é considera-los como um grupo à parte, não
enquadrado em nenhum dos reinos existentes.
As regras de
nomenclatura não são aplicadas aos vírus por serem organismos extremamente
peculiares. Os nomes a eles atribuídos referem-se, em geral às doenças por eles
provocados. Exemplos: vírus da AIDS (cientificamente conhecido como HIV), vírus da poliomielite, vírus bacteriófago (comedor de bactérias), vírus Ebola etc.
A NOMENCLATURA BIOLÓGICA
Os reinos dos seres
vivos são formados por uma infinidade de representantes, cada qual pertencente
a “tipos” que apresentam algumas características comuns. Cada tipo corresponde
a uma espécie biológica, que pode
ser conceituada como um conjunto formado
por organismos capazes de se intercruzar livremente na natureza, produzindo
descendentes férteis. As espécies são consideradas as unidades básicas da
classificação biológica, do mesmo modo que os tipos de medicamentos o são numa
farmácia. Aí surge outro problema. Como nomear as diferentes espécies de seres
vivos atualmente existentes? Qual o nome científico usado por um cientista
australiano, um russo ou um brasileiro, por exemplo, para se referirem ao lobo?
Houve épocas em que os nomes dados aos seres da mesma espécies eram longos,
confusos e refletiam as preferências pessoais de pesquisadores que trabalhavam
em diferentes locais da Terra. Era preciso uniformizar os nomes dados e, assim,
facilitar a comunicação entre os cientistas de diversas localidades, que
trabalhavam com a mesma espécie.
Também se verificou
que seres pertencentes a espécies
diferentes apresentam características comuns como, por exemplo, o cão doméstico, o coiote e o lobo. Assim, podemos agrupar as espécies aparentadas em
categorias maiores, a que os biólogos chamaram de gênero.
Lineu e o sistema binominal
No século XVII, Carlos Lineu, um botânico sueco, propôs
um sistema de nomenclatura dos seres vivos que, embora tenha sofrido algumas
modificações, tem sido utilizado até hoje. Esse sistema, conhecido como sistema binominal, tem como base o
conceito de espécie e utiliza a ideia de gênero.
Foi preciso escolher uma
língua que fosse de conhecimento universal e que não sofresse modificações. O latim, por ser uma língua morta, isenta
de qualquer modificação, foi eleito. O mérito do trabalho de Lineu foi
uniformizar a nomenclatura biológica e utilizá-la universalmente, em uma época
em que os meios de comunicação não eram a maravilha que são hoje. Assim, cada
espécie passou a ter um nome formado por duas palavras, de modo semelhante ao
que acontece com a maioria das pessoas:
- A primeira palavra, iniciada por letra maiúscula, indica o gênero e o corresponde a um substantivo
escolhido pelo autor que cria o nome; gênero pode ser abreviado;
- A segunda palavra corresponde à espécie e
é um adjetivo. Em geral, o autor
designa um lugar, uma personalidade ou uma característica marcante do ser vivo
que ele estuda;
- É preciso destacar
o nome científico no texto. Isso é feito grifando as duas palavras, ou
escrevendo-as em itálico ou negrito;
- O autor que foi o
primeiro a descrever e publicar conhecimentos da espécie, tem o direito de nomeá-la. Ou seja, não pode haver dois
nomes para a mesma espécie. Ás vezes, há mudanças que devem ser promovidas por
consenso entre os cientistas, em congressos.
Muitas vezes, o nome
da espécie é escrito seguido do nome do autor
da descoberta. Exemplo: o nome científico da planta popularmente conhecida
como dormideira ou sensitiva é Mimosa pudica L. (de Lineu).
O nome corresponde à
espécie pode ser iniciado com letra maiúscula quando é dado em homenagem a alguma personalidade
ilustre.
É o caso do agente causador da doença
de Chagas, o protozoário Trypanosoma
cruzi, nome dado pelo descobridor da espécie, Carlos Chagas, em homenagem ao ilustre sanitarista Osvaldo Cruz.
Quando uma espécie é
constituída de algumas variedades, elas são designadas como subespécies e, nesse caso, acrescentamos
um terceiro nome após o nome da
espécie. Exemplo: Crotalus durissus
cascavella e Crotalus durissus
terrificus são duas subespécies de cobras cascavéis.
Outras categorias de classificação
Os biólogos que se
preocupam em ordenar a coleção de seres vivos trabalham num ramo da Biologia
conhecido como Taxonomia. Esse
trabalho consiste em reconhecer espécies semelhantes e agrupá-las em gêneros.
Do mesmo modo, os gêneros podem ser reunidos, se tiverem algumas
características comuns, formando uma família.
Famílias, por sua vez, podem ser agrupadas em uma ordem. Ordens podem ser reunidas em uma classe. Classes de seres vivos são reunidas em filos.
E os filos são, finalmente, componentes de algum dos cinco reinos que descrevemos anteriormente. Todas essas categorias de classificação (espécie, gênero, família, ordem, classe, filo e reino) são conhecidas como categorias taxonômicas. A imagem abaixo ilustra a classificação completa de alguns animais pertencentes à ordem dos carnívoros, entre eles o cão, o gato, o lobo, a pantera e o urso.
E os filos são, finalmente, componentes de algum dos cinco reinos que descrevemos anteriormente. Todas essas categorias de classificação (espécie, gênero, família, ordem, classe, filo e reino) são conhecidas como categorias taxonômicas. A imagem abaixo ilustra a classificação completa de alguns animais pertencentes à ordem dos carnívoros, entre eles o cão, o gato, o lobo, a pantera e o urso.
UM EXEMPLO PRÁTICO DE CLASSIFICAÇÃO: OS UTENSÍLIOS DOMÉSTICOS
Em nossas casas,
utilizamos uma infinidade de utensílios que são guardados em lugares
apropriados. Na cozinha, reservamos uma gaveta de talheres para guardar os
objetos que chamamos de garfos, colheres, facas etc. Cada um desses utensílios
constitui um gênero. Por outro lado, há diversas espécies de garfos, colheres e
facas. Por exemplo, podemos separar as colheres de café, as de sopa, as de
sobremesa etc. Cada tipo de colher constitui uma espécie. Garfos, colheres e
facas podem ser reunidos na família talheres.
Por sua vez, a família dos pratos
também inclui diversos gêneros, compostos de várias espécies. O mesmo acontece
com a família que inclui os guardanapos e toalhas de mesa. Todas essas famílias
reunidas formam a ordem dos utensílios da cozinha. Essa ordem, reunida às
outras ordens contidas na cozinha (mesa, aparelhos elétrico etc.), acaba
formando a classe dos objetos utilizados na cozinha. A cozinha toda, com todos
os demais componentes a ela peculiares, constitui um filo que, reunido a todas
as demais dependências da casa (quartos, salas, banheiros, etc.), leva à
formação do reino, que é a casa toda.
Referência
UZUNIAN, Armênio; BIRNER, Ernesto. Biologia 2. Editora Harbra. 2ª edição. 1º Lugar na Categoria Didático de Ensino Fundamental e Médio. Prêmio Jabuti 2002.
UZUNIAN, Armênio; BIRNER, Ernesto. Biologia 2. Editora Harbra. 2ª edição. 1º Lugar na Categoria Didático de Ensino Fundamental e Médio. Prêmio Jabuti 2002.
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